O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o objeto perdido, a perda de interesse no mundo externo e a incapacidade de substituição com a adoção de um novo objeto de amor (FREUD, 1915).
O primeiro modo filosófico de considerar a morte é através da nadificação, ou seja, a morte é pensada como: “... uma porta aberta ao nada de realidade humana, sendo esse nada, além disso, a cessação absoluta de ser ou a existência em uma forma não humana.” (SARTRE.
O que acontece depois da morte segundo a filosofia?
O que isso significa? Que, para os filósofos não-niilistas, a morte somente é capaz de aplacar o nosso corpo físico, mas a alma (ou ainda a essência de cada ser humano) permanece, mesmo após a morte. Essa é a filosofia defendida por pensadores importantes como Sócrates e Platão, por exemplo.
A morte portanto é vista como purificação e futuro encontro com os Deuses. Platão assume tal elemento escatológico, ao inserir no Fédon, um Sócrates diante da morte que não a teme por acreditar que ao morrer, sua alma encontrar-se-á com os Deuses no Hades.
49 Logo, a morte não livre deve ser uma consequência lógica da vontade cativa diante do tempo que passa, pois é somente assim que a morte parece ser um acidente que assalta o homem. O tempo em que se morre covardemente é sempre o tempo errado quando o tempo mesmo é encarado como a causa da incompletude.
Segundo Sócrates, “ninguém sabe o que é a morte, nem se, por- ventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males.
Aristóteles investiga a morte em função do desaparecimento do calor de que os organismos vivos (e aqui, humanos) parecem ser naturalmente providos, no Da Respiração. cessam os propósitos, o derradeiro momento da existência.
Para Sartre (2015) a morte tem a característica de individualizar o ser humano, pois é um fenô- meno da vida pessoal que o torna único, em que o indivíduo passa a ser responsável tanto pela vida como pela morte, não pelo fenômeno contingente, mas pelo caráter de finitude.
Fiel a este materialismo, Epicuro elabora suas reflexões quanto à morte. Acredita que somos um corpo formado por átomos e que, portanto, quando estes átomos chegam ao fim, morremos. Vivemos o tempo necessário de nossa existência. Para Epicuro não devemos temer a morte, porque ela nada significa a nós.
Contudo destaca-se também, a importante concepção do existencialismo ateu na obra “O existencialismo é um humanismo”, no qual a morte é apresentada como fim, sem as perceptivas de pós-morte do cristianismo. Ainda tratar-se-á do texto “A náusea”, como forma de pensar a morte e sua absurdidade.
A morte (da maneira como é concebida por Schopenhauer, aquela que é conseqüência da negação da vontade), sim, ela é o fim não só do indivíduo, mas de todo o querer que nele está presente e é somente ao relutar diante da dominação daquela vontade que o homem dela pode se libertar.
Razão pela qual o filósofo sustenta: "A morte nada significa para nós". Ao contrário do que acreditavam Sócrates e Platão, ele justifica sua convicção: "A morte é uma quimera: porque enquanto eu existo, ela não existe; e quando ela existe, eu já não existo".
O que nós estoicos aconselhamos é honrável: quando a emoção provoca um fluxo moderado de lágrimas e, por assim dizer, deixa de efervescer, a alma não deve ser entregue ao sofrimento.
"O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós." JEAN PAUL SARTRE (1905-1980). Antes de chegar nesta tão celebre frase, Sartre passou por toda uma construção anterior desse pensamento desembocando posteriormente no pensamento conhecido como existencialista.
Qual o significado da morte para Heidegger e Sartre?
A morte constitui uma limitação da unidade originária do ser-aí, significa que a transcendência humana, o poder-ser, contém uma possibilidade de não-ser. Diz Heidegger: "o 'fim' do ser-no-mundo é a morte.
Assim, para Nietzsche, a morte natural é na verdade uma morte não livre e não racional, ocorrendo então em um momento, portanto, impróprio e de não deliberada escolha do indivíduo, posto isso, o ser humano é caracterizado como um ser acorrentado pelo seu destino.
Para que se possa compreender o que de fato significa morte, Platão apresenta o evento de separação de corpo e alma, como algo definitivo. Para o filósofo esta separação indica o estado de existência que, tanto o corpo como a alma, irão percorrer, buscando em “campos” distintos a sua plena realização.
Para ele, a vida era uma sucessão de dores e desejos insatisfeitos, e a morte representava o fim desse ciclo de sofrimento. Ele não via a morte como algo a ser temido, mas sim como um estado de não-existência que finalmente nos livra das agonias da vida.
Platão defendia o Inatismo, nascemos como principios racionais e idèias inatas. A origem das idéias segundo Platão é dado por dois mundos que são o mundo inteligivel, que é o mundo que nós, antes de nascer, passamos para ter as idéias assimiladas em nossas mentes.
A morte apenas tem sentido para quem existe e se põe como um dado fundamental da existência mesma. Assumir o ser para a morte, porém, não significa pensar constantemente na morte e sim encarar a morte como um problema que se manifesta na própria existência. Depois de termos morrido não podemos mais sentir a morte.