Lacan não apenas afirma que o inconsciente é como uma língua. Ele também propõe que, antes da língua, não existe o inconsciente para o indivíduo. É apenas quando a criança adquire uma língua é que ela se torna um sujeito humano, isto é, quando ela passa a fazer parte do mundo social.
Sua afirmação de que o inconsciente se estrutura como linguagem, somada às noções de simbólico, imaginário e real, são algumas das contribuições decisivas de seu trabalho. Seu nome completo era Jacques Marie Émile Lacan, nascido na cidade de Paris em 1901, em plena belle époque.
Lacan acreditava que a linguagem é a chave para compreender a subjetividade humana, e a sessão é centrada na escuta atenta do terapeuta para o discurso do paciente. O terapeuta pode fazer perguntas ou fazer observações para ajudar o paciente a desvendar as camadas de significado em seu discurso.
Lacan nos fala que o referente é real, ou seja, real por ser impossível de designar e, por essa razão, teria como função causar a linguagem. Importante notar que o referente não está no real, mas é real. Este ponto é essencial.
Ele fundou uma corrente psicanalítica própria: a Psicanálise Lacaniana. Em resumo, Lacan é considerado um pensador revolucionário da psicanálise. De modo que tem um lugar próprio na teoria psicanalítica: a psicanálise lacaniana ou linha francesa de psicanálise.
Uma das principais diferenças entre Lacan e a filosofia ocidental está na concepção de sujeito. Enquanto a filosofia tradicional tende a ver o sujeito como um ser autônomo e racional, Lacan argumentava que o sujeito é marcado pela falta e pelo desejo.
Para Lacan, o sujeito é constituído a partir de sua inserção no universo humano, o que supõe sua passagem pela porta da linguagem, universo do simbólico. Uma vez que a linguagem é o que há de mais coletivo, o sujeito, efeito do significante é, por sua vez, sempre coletivo.
Lacan, de origem católica, se dizia “filho de padre”, por ter sido educado pelos irmãos maristas. Os dois não se omitem de examinar o campo das “verdades” religiosas, separando o interesse investigativo da crença. Embora Freud e Lacan tenham o ateísmo como ponta de lança da psicanálise, há uma diferença entre os dois.
A complexa situação que desembocou na exclusão de Lacan do seio da IPA teve como um de seus argumentos centrais a maneira com que ele utilizava o tempo na duração das sessões. O que se apresentou como sessões com tempo escandido, ou depois, sessões breves.
Ou seja, a proposta de Lacan é que alguém se torna analista a partir da sua própria análise em um momento preciso chamado de passe. Este é uma passagem para o desejo do analista.
É uma interpretação que trata o desejo como defesa, trata a falta-a-ser como uma defesa contra o que existe. E o que existe, ao contrário do desejo que é falta-a-ser, é o que Freud abordou por meio das pulsões e que Lacan nomeou de gozo.
Descobertas. O objeto a é um conceito central na teoria psicanalítica de Jacques Lacan. Ele representa um objeto perdido que causa desejo e falta no sujeito. O objeto a não se refere a um objeto específico, mas sim a qualquer coisa que possa preencher essa falta.
Apesar de ter constituído um sistema de pensamento próprio que inovou a teoria e a prática clinica, Lacan é considerado como o único dos grandes intérpretes de Freud que procurou retornar - literalmente - aos seus textos e a sua doutrina, ele o estudou com intuitos além de simplesmente ultrapassar ou conservar a ...
Vamos nos aprofundar em alguns dos seus principais pilares. 1. Linguagem e Inconsciente: A revolucionária afirmação de Lacan de que "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" rompeu com muitas convenções anteriores da psicanálise.
- Se Deus não existir, diz o pai, então tudo é permitido. Noção evidentemente ingênua, pois, nós, analistas, sabemos muito bem que se Deus não existir então absolutamente mais nada é permitido. Os neuróticos demonstram isto todos os dias (LACAN, 1954-1955/1985 p. 165).
No mundo da psicologia, existem diversas áreas e abordagens. Uma delas é a terapia lacaniana, baseada na linguagem e no tempo do inconsciente. Assim, para a psicanálise lacaniana, é fundamental não influenciar naquilo que o inconsciente do paciente deseja falar.
Quais as principais diferenças entre Freud e Lacan?
Enquanto Freud menciona talvez uma ou duas vezes a palavra sujeito em sua obra, Lacan vai trabalhar com toda uma teoria do sujeito que de alguma forma iria deixar pra trás – já em seu último ensino, conhecido como último Lacan – essa ideia de um sujeito para começar a falar de um falaser, em seu neologismo “parlêtre”.
Permitia-se encerrar uma sessão em três minutos, sob a justificativa de que é o tempo lógico para o inconsciente se pronunciar. Em 1964, Lacan fundou a Escola Freudiana de Paris, que seria dissolvida em 1980, um ano antes da sua morte, em 9 de setembro de 1981.
O laço social é uma forma de fazer laço com o outro que conecta, e ao mesmo tempo separa, pois se sustenta sobre um vazio que abrigará a causa do sujeito, sua singularidade. Isto sinaliza que não há determinismo social, pois a causa está no sujeito.
A teoria dos espelhos, de Jacques Lacan, médico, psiquiatra e psicanalista francês, acredita que só conseguimos enxergar características em outras pessoas que também existam, ou já existiram algum dia, dentro de nós. Ele acredita que nosso papel, como humanos, é aprender sobre nós mesmos, através das nossas relações.
Sofrendo de um câncer no cólon que tardou à operar, já muito debilitado desde um acidente de carro em 1978, Lacan reduziu sem cessar as suas atividades a partir de fevereiro de 1980.
Pelo contrário, Lacan usa o termo simbólico na acepção estrutural, em que o termo 'símbolo' é um sinónimo de significante, ou seja, de elemento puramente diferencial, destituído de significado próprio, na medida em que o significado só aparece a posteriori como resultado das relações entre significantes, do seu jogo.