O desmatamento onde estão as cabeceiras dos rios que abastecem a Planície Pantaneira contribui para a seca extrema no bioma. Todos esses elementos afetam diretamente o ciclo de chuvas e a redução de água no território, favorecendo o alastramento do fogo no Pantanal em 2024.
O fenômeno é possível devido ao avanço de uma frente fria e à presença de fuligem dos incêndios florestais, afetando principalmente o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com possível expansão para o sul do Mato Grosso do Sul e o Sudeste.
Na maioria das vezes, essas queimadas são provocadas pela ação humana de maneira criminosa. Os incêndios são muitas vezes iniciados por agricultores em áreas de pastagens, para renovação de pastos, e por grupos que causam desmatamento para eliminar vegetação rasteira e retirada de madeira para comercialização.
Na Caatinga, 51 mil hectares foram queimados entre janeiro e agosto de 2024, um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2023, com 66% das queimadas concentradas em formações savânicas.
A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra, às atividades econômicas, principalmente, ligadas ao desmatamento para abrir áreas de pastagem e agricultura e, quando já está consolidado, muitas vezes se utiliza o fogo por várias razões, e isso causa os grandes incêndios que estamos ...
Pesquisador explica à CNN causas e efeitos das queimadas no Amazonas | LIVE CNN
Porque estão colocando fogo no Brasil?
Queimadas sempre ocorreram no País ao longo de pelo menos os últimos 30 anos, e elas eram fruto do desmatamento para abertura de novas áreas agrícolas e para pecuária no Cerrado e na Amazônia. Mas 2024 será lembrado como o ano em que esta questão superou os limites.
Antes de o fogo atingir terras paulistas, no entanto, as queimadas em biomas como o Pantanal e o Cerrado já haviam batido recordes em 2024 — outras regiões, como a Amazônia, também registraram aumento em relação a anos anteriores. Por trás desse cenário estão fatores climáticos extremos e a ação humana.
O fogo está intimamente ligado ao desmatamento, pois é a forma mais barata e rápida de “limpar” áreas recém-desmatadas. Por muitos anos, a relação entre as duas ações era direta: quanto mais alta era a taxa de desmatamento, maior o uso do fogo na região, e vice-versa.
As queimadas que atingem a Amazônia, Cerrado e Pantanal e enchem o céu do país de fumaça são causadas pela ação humana, para renovação de pasto ou para o avanço do desmatamento.
Já em 2024, no mesmo período, foram 503,5 km², redução de quase 60 km². É o menor índice para o mês desde 2018 e o segundo ano consecutivo com redução significativa. A queda é bem maior quando comparada a 2022, quando foram registrados alertas de desmatamento em 1.661,02 km² na região.
Quem são os responsáveis pelas queimadas na Amazônia?
As queimadas na Amazônia são causadas pela ação humana. A motivação é principalmente econômica, com foco na abertura de novas áreas produtivas para o agronegócio. O número de queimadas registrado no primeiro semestre de 2024 é o pior em 17 anos.
⛅ Essas grandes nuvens de fumaça são provocadas por queimadas e podem se estender por milhares de quilômetros. Elas são conhecidas como plumas de fumaça e são capazes até de encobrir o sol, como ocorreu no meio da tarde.
Políticas públicas ineficientes e ineficazes devem ser revistas para que se tenha espaço orçamentário para implementação das ações relacionadas ao manejo integrado do fogo. Em resumo, a culpa pelo problema das queimadas em 2024 é dos governos estaduais e federal.
Além dos impactos ambientais diretos, as queimadas podem provocar problemas de saúde devido à poluição do ar e contribuem para a degradação do solo. Uma das principais causas das queimadas no interior de São Paulo é a prática agrícola.
Qual a região do Brasil com maior ocorrência de queimadas?
Entre os estados brasileiros, Mato Grosso lidera o ranking, com 1.379 registros nas últimas 48 horas, seguido por Amazonas, com 1.205, Pará, com 1.001, e Acre, com 513 focos. O município com o maior número de queimadas no período é Cáceres (MT), que teve 237 focos nas últimas 48 horas.
Porque estão acontecendo tantas queimadas no Brasil?
Além das mudanças climáticas, as queimadas no Pantanal também estão associadas à ação humana na Bacia do Alto Paraguai (BAP). O desmatamento onde estão as cabeceiras dos rios que abastecem a Planície Pantaneira contribui para a seca extrema no bioma.
O fogo é o meio mais eficiente para os ruralistas escaparem à fiscalização do Ibama. Além disso, os desmatadores têm vantagens na Bovespa, que canaliza R$560 bilhões do agronegócio e que não conta com mecanismos de punição para crimes ambientais.
O primeiro exemplo ocorre quando fazendeiros criadores de gado ateiam fogo nas áreas de pastagem que já foram desmatadas. Quando há um menor período de chuvas, a vegetação nesses pastos precisa ser “limpa” para outra surgir em seu lugar. Essa limpeza é feita com o fogo, algo normal para esse tipo de atividade.
A situação está crítica. As mudanças climáticas e as queimadas no Brasil estão interligadas. O aquecimento global, causado pelo aumento da emissão de combustíveis fósseis, altera os padrões de temperatura e precipitação, tornando algumas regiões mais secas e vulneráveis a incêndios.
Entre janeiro e agosto de 2024, o Pantanal teve um aumento de 249% na área queimada, totalizando 1,22 milhão de hectares, com 52% queimados em agosto, o maior para o mês. Setembro, historicamente crítico, deve continuar com alta incidência de incêndios.
O desmatamento na Amazônia teve queda de 45,7% no período de agosto de 2023 a julho de 2024, totalizando 4.315 km², ante 7.952 km² entre agosto de 2022 e julho de 2023.
Estiagem prolongada, altas temperaturas, ondas de calor, baixa umidade relativa do ar, ventos intensos, uma combinação que favorece o surgimento de incêndios florestais, que se espalham pelo país deixando um cenário desolador. Literalmente 'O Brasil está pegando fogo!
A seca e as ondas de calor no âmbito das alterações climáticas, combinadas com o desmatamento impulsionado em grande parte pelo agronegócio, transformaram o fogo numa das principais causas de degradação e perda florestal na Amazônia.