Durante os séculos XVII e XVIII, por mais ou menos 150 anos, desenvolveu-se, na Região Platina, a experiência missionária das Reduções Jesuítico-Guarani em áreas de colonização espanhola, que hoje pertencem ao Brasil à Argentina e ao Paraguai.
Esses aldeamentos indígenas, também chamados de reduções ou missões, foram criados pela Ordem dos Jesuítas no fim do século XVII, a qual visava principalmente a catequização dos indígenas, pois, com a Reforma Protestante na Europa, a Igreja Católica foi em busca de novos fiéis.
As missões eram povoados indígenas criados e administrados por padres jesuítas no Brasil Colônia, entre os séculos 16 e 18. O principal objetivo era catequizar os índios.
O declínio dessas reduções se deu pelas divergências das políticas entre Portugal e Espanha, principalmente após o Tratado de Madri, de 1750, em que as reduções do Sul do Brasil ficaram com os portugueses em troca da Colônia do Sacramento para os espanhóis.
A Guerra Guaranítica: o levante indígena que desafiou Portugal e Espanha. São Paulo: Terceiro Nome, 2014. GOLIN, Tau. A Guerra Guaranítica: como os exércitos de Portugal e Espanha destruíram os Sete Povos dos Jesuítas e índios Guaranis no Rio Grande do Sul (1750-1761).
As missões jesuíticas acabaram sendo um local onde os indígenas poderiam ser abrigados da violência dos colonos. Isso porque, em muitas partes do Brasil, os colonos procuravam, de todos os meios, escravizar os indígenas e, ainda, eram comuns os sequestros de indígenas pelos bandeirantes, por exemplo.
O povo de São Miguel Arcanjo, ou das Missões, era uma das reduções do Estado Jesuítico do Paraguai que formava, com seis outros, os Sete Povos das Missões.
Qual a importância das ruínas de São Miguel das Missões?
Inscritos na Lista do Patrimônio Mundial, em dezembro de 1983, esses remanescentes representam importante testemunho da ocupação do território e das relações culturais que se estabeleceram entre os povos nativos, na maioria do grupo étnico Guarani, e missionários jesuítas europeus.
As missões apresentavam características como: regime comunitário, autossuficiência e infraestruturas cultural, administrativa e econômica completas. Muitos nativos, após serem doutrinados pelos jesuítas, começaram a se comportar de acordo com os costumes europeus.
Porque ocorreu a Guerra dos Sete Povos das Missões?
A causa principal da guerra foi o Tratado de Madri, que determinava a transferência dos índios e jesuítas do lado brasileiro do Rio Uruguai para o espanhol. Os colonizadores derrotaram os índios, mas tiveram que estabelecer outros acordos para determinar as fronteiras entre os dois dominadores da América do Sul.
Reunia grupos catequizados jesuítico-guaranis situados no nordeste do atual Estado do Rio Grande do Sul, em território brasileiro, às margens do rio Uruguai.
As missões acabaram após a expulsão dos jesuítas em 1759 pelo Marquês de Pombal, por conta da sua influência e domínio da educação, além da sua autonomia própria, desvinculada do Estado de Portugal.
Qual o legado das missões jesuíticas nos dias atuais?
Hoje, nove antigas reduções da América do Sul são listadas como Patrimônio da Unesco, uma delas no Brasil, outra na Bolívia, cinco na Argentina e duas no Paraguai. A 485 quilômetros de Porto Alegre, a pacata São Miguel das Missões abriga um dos maiores sítios sul-americanos, as ruínas de São Miguel Arcanjo, de 1687.
Os primeiros jesuítas que vieram ao Brasil chegaram com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa, em 1549. Eles eram liderados por Manuel da Nóbrega e tinham como principal missão a cristianização dos nativos e zelar pela Igreja instalada no Brasil colonial.
Considerada a Capital das Missões, a cidade com o maior desenvolvimento urbano da região foi, na verdade, a última redução dos Sete Povos das Missões no Brasil a ser fundada e durou apenas 50 anos até ser destruída pela Coroa Portuguesa durante a Guerra Guaranítica.
É um dos principais vestígios do período das Missões Jesuíticas dos índios Guarani em todo o mundo. Além da construção (edificada entre 1735 e 1745), o sitio arqueológico conta com o Museu das Missões, que guarda uma importante coleção de esculturas sacras dos Sete Povos.
As ruínas da Igreja são os remanescentes do projeto atribuído ao arquiteto jesuíta italiano Gian Battista Primoli, inspirado na Igreja de Gesù (Roma), principal templo jesuítico romano.
O principal objetivo das missões jesuíticas no Brasil colonial era a catequização e conversão dos indígenas ao cristianismo. Além disso, as missões tinham a intenção de pacificar os nativos e integrá-los à sociedade colonial, formando comunidades agrícolas organizadas e disciplinadas.
No Brasil, foram destruídas porque representaram um entrave ao expansionismo europeu, devido ao alto grau de desenvolvimento e autossuficiência que adquiriram ao longe de 200 anos, além de serem acusadas de promoverem a subversão contra o domínio português no Brasil.
As missões eram povoados indígenas criados e administrados por padres jesuítas no Brasil Colônia, entre os séculos 16 e 18. O principal objetivo era catequizar os índios. A catequização, no entanto, tinha efeitos colaterais que não interessavam aos conquistadores portugueses.
As Missões têm como objetivo principal evangelizar populações, grupos e multidões pastoralmente mais abandonadas, respondendo às urgências pastorais da Igreja no Brasil e atingindo nossos destinatários específicos, embora de forma não exclusiva.
Nos aldeamentos jesuíticos os índios eram educados para viver como cristãos. Essa educação significava uma imposição forçada de outra cultura, a cristã. Os jesuítas valiam-se de aspectos da cultura nativa, especialmente a língua, para se fazerem compreender e se aproximarem mais dos indígens.
As missões eram organizadas e contavam com construções sólidas para a igreja, a casa dos padres, armazéns oficinas, hospital e salas de aula. A produção (erva-mate, tabaco, couros, sapatos) era exportada e rendia bons lucros à Companhia de Jesus.