Lacan, de origem católica, se dizia “filho de padre”, por ter sido educado pelos irmãos maristas. Os dois não se omitem de examinar o campo das “verdades” religiosas, separando o interesse investigativo da crença. Embora Freud e Lacan tenham o ateísmo como ponta de lança da psicanálise, há uma diferença entre os dois.
Sua afirmação de que o inconsciente se estrutura como linguagem, somada às noções de simbólico, imaginário e real, são algumas das contribuições decisivas de seu trabalho. Seu nome completo era Jacques Marie Émile Lacan, nascido na cidade de Paris em 1901, em plena belle époque.
A expulsão de Lacan da IPA foi causada por ele não obedecer às normas daquela instituição e ter muitos alunos, analisandos e supervisionados ao mesmo tempo, bem como por conta das “sessões curtas” de cinco minutos que Lacan insistia em manter — algumas sessões de Lacan foram de apenas um minuto.
Lacan não apenas afirma que o inconsciente é como uma língua. Ele também propõe que, antes da língua, não existe o inconsciente para o indivíduo. É apenas quando a criança adquire uma língua é que ela se torna um sujeito humano, isto é, quando ela passa a fazer parte do mundo social.
Sofrendo de um câncer no cólon que tardou à operar, já muito debilitado desde um acidente de carro em 1978, Lacan reduziu sem cessar as suas atividades a partir de fevereiro de 1980.
é sobre os quatro conceitos considerados por Lacan como fundamentais que este trabalho trata, a saber: Inconsciente, Repetição, Transferência e Pulsão.
amar é querer o bem a alguém. Lacan, por outro lado, empreende uma separação fundamental entre o amor e a ideia do bem. O amor de transferência — ou, ousaríamos dizer apenas, o amor — ensina àquele que ama que há uma falta inscrita em seu desejo.
A proposição de 9 de outubro de 1967 marca o rompimento de Lacan não só com a IPA mas com grande parte do acervo histórico e teórico acumulado por vários pioneiros do movimento psicanalítico.
A Psicanálise Lacaniana, assim como outras psicanálises, baseia o seu atendimento na associação livre, onde o analisante pode dizer tudo que lhe vier em mente, sem censura. Além do conteúdo trazido como relato, também são explorados os sonhos, devaneios, fantasias, lapsos de linguagem, entre outros.
Apesar de ter constituído um sistema de pensamento próprio que inovou a teoria e a prática clinica, Lacan é considerado como o único dos grandes intérpretes de Freud que procurou retornar - literalmente - aos seus textos e a sua doutrina, ele o estudou com intuitos além de simplesmente ultrapassar ou conservar a ...
Enquanto a filosofia tradicional tende a ver o sujeito como um ser autônomo e racional, Lacan argumentava que o sujeito é marcado pela falta e pelo desejo. Para ele, o sujeito está sempre em busca de completude, mas essa completude é impossível de ser alcançada.
Vamos nos aprofundar em alguns dos seus principais pilares. 1. Linguagem e Inconsciente: A revolucionária afirmação de Lacan de que "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" rompeu com muitas convenções anteriores da psicanálise.
Em Lacan, o que dá essência e, de certa maneira, a unidade ao ser é o gozo, e só o gozo, porque nenhum predicativo (a totalidade predicativa é impossível) pode dar unidade ao ser sexuado que é divisão. Por isso, o que o ser exige enquanto Um, enquanto unidade, é a infinitude do gozo, seja do corpo ou do Outro.
Lacan começa a ganhar reconhecimento em 1950, quando era uma espécie de crítico da psicanálise de sua época e considerado reinventor da psicanálise por alguns autores. O Lacanismo é peça vital na biografia de Jacques Lacan, salvando sua identidade profissional à posteridade.
Mais à frente, em sua obra, Lacan conceberá o Real como sendo da ordem do Impossível, o que escapa ao Simbólico. O Real será atrelado ao aforismo “não há relação sexual”. Ter-se-á o impossível da relação sexual, isto é, a impossibilidade de sua inscrição no Simbólico.
Enquanto Freud menciona talvez uma ou duas vezes a palavra sujeito em sua obra, Lacan vai trabalhar com toda uma teoria do sujeito que de alguma forma iria deixar pra trás – já em seu último ensino, conhecido como último Lacan – essa ideia de um sujeito para começar a falar de um falaser, em seu neologismo “parlêtre”.
A teoria dos espelhos, de Jacques Lacan, médico, psiquiatra e psicanalista francês, acredita que só conseguimos enxergar características em outras pessoas que também existam, ou já existiram algum dia, dentro de nós. Ele acredita que nosso papel, como humanos, é aprender sobre nós mesmos, através das nossas relações.
A verdade, definida por ele como “não-toda” (Lacan, 1985), mantém um traço do real, o que determina que não pode ser toda dita, não pode ser toda transcrita para o campo do simbólico; sempre deixa um resto: o objeto pequeno a. A verdade delata uma impotência (Lacan, 1992, p. 49) própria do saber.
Lacan traduz, então, Rede para o campo psicanalítico: "A fala plena é a que visa, que forma a verdade tal como ela se estabelece no reconhecimento de um pelo outro. A fala plena é fala que faz ato." (1953-1954/1975, p. 125/6). Ou seja, a fala plena estabelece o reconhecimento dialético do sujeito pelo analista.
Para Lacan o afeto é uma manifestação pulsional, mas, isto não implica que ele seja o ser dado em sua imediatez, nem que tampouco, seja o sujeito de uma forma bruta. O afeto está sempre a deriva, deslocado, invertido, metabolizado, ou até mesmo, enlouquecido. Nem o afeto, nem a pulsão são o recalcado.
Pode-se dizer que lacaniano, a esse respeito, era visar, no indivíduo que se apresenta como paciente, lidar, visar o sujeito nele, isto é, uma variável determinada pelo significante. Isso faz periclitar, exclui qualquer idéia de reforço.
Ele fundou uma corrente psicanalítica própria: a Psicanálise Lacaniana. Em resumo, Lacan é considerado um pensador revolucionário da psicanálise. De modo que tem um lugar próprio na teoria psicanalítica: a psicanálise lacaniana ou linha francesa de psicanálise.
Ao retornar a Freud, Lacan reinventa a psicanálise, sem abandonar o campo freudiano. Ele enfatiza a incidência do desejo na transmissão. Considera a dimensão do real, sua articulação com o ato e a função da escrita. Desta forma, nos convoca a tratar o gozo e o sofrimento do sintoma, hoje.