A esquizofrenia denominada hebefrênica é a mais grave de todas e acomete mais indivíduos jovens, entre 15 e 25 anos de idade. O transtorno é marcado por sintomas como perturbação dos afetos, comportamento irresponsável e imprevisível, pensamento desorganizado e discurso incoerente.
“A mais comum é a paranoide, que se caracteriza por predominância de delírios persecutórios e bizarros, além de alucinações, enquanto a mais grave e com o tratamento mais difícil é a hebefrênica, marcada por isolamento social, embotamento afetivo e deterioração global”.
Você sabia que existem seis tipos de esquizofrenia? Essa é uma doença mental grave, de evolução crônica e que, apesar de não ter cura, seu tratamento pode apresentar bons resultados. Quem a desenvolve tem dificuldades para interpretar a realidade e discernir o que é real e o que não é.
A pessoa com essa doença, quando está em crise, normalmente apresenta outros riscos (auto agressão, suicidio, incapacidade de cuidar-se), e quando torna-se violenta, mais frequentemente é contra si e contra objetos.
Qual a expectativa de vida para quem tem esquizofrenia?
Além dos sintomas que afetam o comportamento e a capacidade para o trabalho, a esquizofrenia também é caracterizada por achados compatíveis com um processo de envelhecimento acelerado. Estima-se que a expectativa de vida nesta população seja de cerca de 20 anos a menos que a da população em geral.
Sem tratamento, o surto pode durar semanas e até vários meses. Após saírem do surto, os pacientes podem apresentar sintomas residuais, que normalmente são os sintomas negativos: isolamento social, menor interação afetiva, retraimento e falta de vontade para atividades diversas.
“A esquizofrenia tipo hebefrênica é a mais grave, pois cursa desde o início com sintomas chamados negativos, que são embotamento afetivo, isolamento social e perda de interesse, motivação, lógica e iniciativa”, explica o psiquiatra Miguel Angelo Boarati.
“É caracterizada, principalmente, pelo que chamamos de sintomas psicóticos, como alucinações visuais e auditivas, sensação de ser constantemente perseguido ou ameaçado por outras pessoas”, explica a profissional.
Até hoje, não foi descoberta a causa da esquizofrenia, mas a combinação de alguns fatores genéticos, cerebrais e do ambiente podem desencadear a doença. Fatores hereditários - parentes de primeiro grau de um esquizofrênico têm mais chances de desenvolver a doença do que as pessoas em geral.
CID F20 – Esquizofrenia é uma condição caracterizada por “distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados”, conforme o DATASUS.
O olhar “vazio” é comum nas pessoas esquizofrênicas, também conhecido como o olhar 'que vê, mas não enxerga'. O indivíduo encara diretamente a pessoa à sua frente, mas é como se olhasse através dela e ignorasse sua presença.
O diagnóstico é clínico, ou seja, é realizado por meio da histórica clínica do paciente e o exame do estado mental. O médico psiquiatra é o profissional capacitado para fazê-lo e esse utiliza-se de manuais e diretrizes diagnósticas para nortear o raciocínio clínico.
O professor ressalta que “não existe tratamento para a esquizofrenia sem remédio”, mas também é possível fazer uso de outros métodos em conjunto com os medicamentos como terapia ocupacional, reabilitação e treinamentos cognitivos, que podem proporcionar melhoras significativas no quadro dos pacientes.
Os resultados mostraram diferenças na entonação de voz entre indivíduos com e sem esquizofrenia. Ana Cristina explica que as pessoas com esquizofrenia apresentaram pouca variação de simetria e dispersão na entonação da fala, ou seja, elas expressavam suas emoções pela voz de forma menos acentuada.
Esse transtorno é também uma doença crônica, pois acaba por afetar seriamente o cérebro por meio de diversas desestruturações psíquicas. Com isso, a pessoa passa a apresentar comportamentos, relacionados exclusivamente com suas emoções e sentimentos, que não condizem com a realidade.
A esquizofrenia não tem cura. O tratamento da doença vai envolver um planejamento do psiquiatra para acompanhar o paciente e evitar as recaídas ao longo do tempo. A fase aguda é aquela em que o paciente está em crise, com os sintomas aflorados e em visível sofrimento mental.
A doença deve ser acompanhada e tratada rapidamente porque pode provocar crises psicóticas. “Os surtos mais comuns dos pacientes com esquizofrenia são caracterizados por agitação psicomotora, comportamento desorganizado e alterações de sensopercepção, como alucinações e delírios”, afirma a psiquiatra Cristiane Lopes.
Após surto a pessoa lembrará apenas parcialmente de alguns fatos acontecidos antes do surto. Mas as lembranças podem estar contaminadas por ideias delirantes ou distorcidas. Quanto mais grave o surto, pior a capacidade de se lembrar de fatos, pois maior será a perda neuronal.
Qual é a expectativa de vida de uma pessoa com esquizofrenia?
O preconceito e o estigma são os principais motivos que fazem com que a pessoa não procure um médico psiquiatra. Estima-se que a expectativa de vida nesta população seja de cerca de 20 anos a menos que a da população em geral.
Um dos sintomas da esquizofrenia é o “embaralhamento” de palavras, ou seja, a fala é aleatória, randômica, cuja ordem é analisada pelo software. “Em 64% dos casos, já nos primeiros sinais da patologia, os sujeitos com esquizofrenia apresentam essa característica na fala, algo gritante nos indivíduos crônicos.
Como uma pessoa com esquizofrenia enxerga o mundo?
A esquizofrenia é uma doença mental, em que o sujeito pode confundir realidade com imaginário. Os olhos da mente de um esquizofrênico podem estar repletos de ilusões, pensamentos mágicos, superstições, mas também ansiedade, irritabilidade e um mal estar permanente, chamado disforia.
É possível uma pessoa com esquizofrenia viver normalmente?
Dependendo de como é feito o tratamento, a pessoa com esquizofrenia pode ter uma vida normal e, inclusive, casar e ter filhos. “Se ela está fazendo o tratamento, está bem, está estável, tem total condição de ter uma vida normal. Trabalhar, constituir família. Não tem nenhuma contra-indicação em relação a isso.
Acredita-se que esse distúrbio possa surgir como resultado da interação de fatores genéticos, cerebrais e ambientais. Algumas pessoas podem ter a tendência de desenvolvê-la com o passar dos anos, já outras, um evento estressante ou emocional pode desencadear um episódio psicótico.
Estão se acumulando evidências de que na esquizofrenia não é só a transmissão de informação de uma célula a outra que está prejudicada. O funcionamento celular parece estar comprometido, segundo estudos de proteômica do biólogo Daniel Martins-de-Souza, atualmente no Instituto Max Planck de Psiquiatria, na Alemanha.