"Seus sonhos são formados por imagens perceptivas, não visuais, como imagens auditivas, táteis, olfativas e gustativas. Mesmo sem a imagem visual, a sensação que um cego de nascença tem ao sonhar é a mesma de uma pessoa que possui a visão".
Sim, as pessoas cegas sonham e é necessário derrubar o mito que associa sonhar com a formação de imagens. De fato, a visão é o sentido mais comum durante um sonho, mas ele também pode ter sensações de tato, audição e até mesmo olfato e paladar, além de sentimentos viscerais.
Como não têm memória visual, os cegos de nascença não sonham com imagens – e sim com os outros sentidos: ouvem coisas, têm sensações táteis e sentem cheiros. Também sonham que estão fazendo algum movimento e, assim como as pessoas que enxergam, é comum sonharem que estão voando ou caindo de grandes alturas.
Se uma pessoa possui uma memória perceptiva visual, auditiva, tátil, olfativa e gustativa, todos estes elementos podem aparecer reconfigurados nos sonhos. No caso das pessoas que já nasceram cegas seus sonhos são compostos por situações de diversos tipos, vividas e percebidas do modo como elas "veem" o mundo acordadas.
A maior parte das pessoas relaciona os sonhos com imagens, o que nem sempre acontece. A psicóloga e mestre em Teoria Psicanalítica pela UFMG, Liliane Camargos, explica que as pessoas cegas não sonham com figuras visuais.
"Seus sonhos são formados por imagens perceptivas, não visuais, como imagens auditivas, táteis, olfativas e gustativas. Mesmo sem a imagem visual, a sensação que um cego de nascença tem ao sonhar é a mesma de uma pessoa que possui a visão".
Eles podem se basear em outros estímulos sensoriais, como o som do despertador, o cheiro do café sendo preparado ou até mesmo a sensação de luz solar filtrando pelas cortinas. Além disso, muitos cegos utilizam relógios táteis, que possuem ponteiros em alto-relevo ou marcadores em braille, para acompanhar o tempo.
Algumas percebem luz, vultos e contrastes, mas não distinguem cores. Entre as pessoas totalmente cegas, há as que deixaram de enxergar ao longo da vida. Algumas mantêm as memórias visuais, mas outras as perdem. Há também as que nunca viram e não se deve pensar que estas veem preto.
Pessoas com deficiência visual podem ler em Braille ou usar leitor de telas, navegando com teclado. Pessoas com baixa visão podem ainda ler impressos ampliados, usar a visão residual, recursos de alto contraste e ampliadores de telas.
Um Relógio Braille / Tátil diponibiliza em Braille e relevo a informação das horas, permitindo de o utilizador cego ou com baixa visão toque no mostrador e sinta os relevos que indicam o tempo. Os relógios Braille analógicos permitem sentir as horas através dos ponteiros e marcações dos números.
Em pessoas cegas, o córtex occipital não está processando informação visual, mas ainda está funcionando, e isso, de certa forma, pode explicar por que pessoas cegas experimentam um aumento dos sentidos. Por exemplo, estudos mostram que pessoas cegas são melhores em localizar sons e diferenciar frequências sonoras.
Muito do que as pessoas que enxergam definem imediatamente por meio da percepção visual, os cegos o fazem graças a uma articulação das funções psicológicas superiores. São relacionados elementos já aprendidos (memória) ao que está tentando compreender (atenção, pensamento conceitual, lógico).
Na verdade, pessoas cegas não enxergam nada (claro, se falarmos daquelas que possuem perda total da visão). É comum pessoas não cegas acharem que cegos enxergam “tudo preto”. Mas a verdade é que “ver” a cor preta só é possível por conta de um estímulo visual e pessoas cegas não possuem estímulo visual algum.
Os resultados mostraram que quem não consegue enxergar, geralmente, pode interpretar as frequências sonoras com mais facilidade. Isso porque o córtex auditivo dos deficientes visuais apresenta uma “sintonização” neural mai estreita, o que ajuda a discernir pequenas diferenças na frequência sonora.
Tem mais depois da publicidade ;) A cegueira pode ocorrer desde o nascimento e, nesse caso, é chamada de cegueira congênita ou, ainda, ocorrer mais tardiamente, que é denominada de cegueira adventícia ou adquirida.
É considerado cego ou de visão subnormal aquele que apresenta desde ausência total de visão até alguma percepção luminosa que possa determinar formas à curtíssima distância. Assim, o termo deficiência visual engloba pessoas com perda total da visão e também aquelas com diferentes graus de visão residual.
Braille – Para ler e escrever, as pessoas cegas dispõem do sistema de pontos em relevo mais utilizado em todo o mundo, que é o sistema braille. Ele foi desenvolvido pelo francês Louis Braille e a versão mais conhecida data de 1837.
De fato, existem muitas maneiras pelas quais uma pessoa cega pode saber quando parar de se limpar depois de ir ao banheiro, como usar papel higiênico marcado em braille, contar o número de folhas usadas, usar um limpa-se ou pedir ajuda.
Sistema Braille consiste em conjunto de símbolos táteis que representam letras do alfabeto, números, pontuação e até mesmo símbolos musicais. Braille é um sistema de comunicação de leitura e escrita para pessoas cegas ou com baixa visão.
Bengala branca: é utilizada por pessoas cegas, ou seja, que apresentam ausência total da visão. Isso significa que elas não conseguem identificar obstáculos, movimentos ou luz. A cegueira pode ser adquirida ou congênita (desde o nascimento).
Por convenção, adota-se a cor branca para as totalmente cegas. Já quem tem baixa visão porta a bengala verde. Mas há aquelas que, além de deficiente visual, também são surdas. Essas usam a bengala com as cores branca e vermelha.
Mas como as pessoas cegas sonham? As que já ao nascerem não veem nadinha, nadinha não possuem nenhuma experiência com imagens, já que não enxergam, e por isso os sonhos delas não contêm figuras.
Através das interações sociais, o cego sabe que plantas são verdes, que o sangue é vermelho, que o céu é azul, etc.; sabe que o preto pode estar associado ao luto, o branco à paz, etc.; através de pessoas próximas, sabe a cor dos próprios cabelos, dos olhos, da pele, das roupas, de modo que alguns, a partir dessas ...