Segundo Bruno Ramos, o funk já provou que salva vidas. "Ele tira crianças das mãos do crime, dá um caminho profissional para muitos jovens, permite espaços de liberdade e o reconhecimento para as mulheres e para a comunidade LGBTQIA+, que são esses corpos estigmatizados pela grande mídia”, enfatizou.
Para as comunidades, o funk é uma maneira de expor as vivências do cotidiano. Ao mesmo tempo em que o funk é visto como uma forma de manifestação cultural, pode também ser responsável pela inserção dos jovens no meio artístico e no ativismo social.
Nesse contexto, o funk, como produto cultural, determina o modo de ser jovem, reforça valores, envolve-o nas representações identitárias, ligadas a um desejo simultâneo de autoafirmação, de liberdade, de inclusão e de resistência.
Além de ser um ótimo exercício aeróbico que pode ajudar a emagrecer, o funk trabalha o corpo todo e melhora o condicionamento físico. Dançar contribui também para a saúde cardiovascular e promove uma grande queima de calorias. Uma aula de 60 minutos pode queimar de 500 a 800 calorias.
O funk é uma forma de introduzir temas como empoderamento feminino, liberdade e desigualdade. Também de falar de duras realidades com outras perspectivas, com novos olhares e novas formas de lidar.
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O que o funk transmite?
O Funk é um estilo muito em alta atualmente, ele abrange várias temáticas, porém geralmente transmitem sentimentos de descontração, por isso é tão popular. O Pagode, apesar de ser igualmente descontraído, ele tende a retratar os assuntos amorosos, seja de decepção ou de alegria.
Inicialmente as letras falavam sobre drogas, armas e a vida nas favelas, posteriormente a temática principal do funk veio a ser a erótica, com letras de conotação sexual e de duplo sentido.
O funk carioca faz sucesso porque tem um ritmo dançante, intenso, envolvente, sendo derivado de estilos de sucesso como o Freestyle e o Miami Bass. Esse ritmo começou em bailes organizados na periferia e favelas do Rio e rapidamente fez muito sucesso pelo país.
O funk é um ritmo que possui alta rejeição por uma parcela da sociedade brasileira – e às vezes, o funk passa até por uma certa “criminalização”, mas isso não significa que ele deixa de ser considerado uma produção cultural. Afinal, cultura é todo o tipo de conhecimento, tradições e leis produzidas por um grupo social.
“O funk é muito popular entre os jovens e isso acontece pois ele consegue fazer algo que é muito difícil, trazer uma identificação cultural que faz com que os ouvintes se sintam participantes do movimento ao mesmo tempo em que se mantém atual e se une às tendências musicais”.
Tal segmento do funk, modernamente também conhecido como “Trap” trata de questões como a violência, a desigualdade, o racismo, o preconceito e a política. Letras mais fortes e com ritmos mais agressivos vem com o intuito de fazer o ouvinte não apenas curtir o som mas principalmente refletir sobre a realidade social.
O funk é hoje considerado uma das maiores manifestações culturais de massa do Brasil e está diretamente relacionado aos estilos de vida e experiências da juventude oriunda de favelas, portanto ele reflete a vida cotidiana em morros e comunidades do Rio de Janeiro.
Assim como outras manifestações da cultura negra e periférica do passado — caso do samba e da capoeira —, o funk sofre perseguições. “Atribuo isso ao preconceito de classe e ao racismo, por ser originário de um território marginalizado, como favelas, e ser cantado majoritariamente pela juventude preta”, reflete Gomes.
É uma celebração da cultura hip-hop, focada em valorizar e apoiar artistas locais, promover a integração da comunidade e revitalizar o Centro da cidade. Além disso, o evento tem um forte viés social, ajudando pessoas em situação de vulnerabilidade nas redondezas.
Quando ouvimos música, o sistema límbico do cérebro, que está envolvido no processamento emocional, é ativado. Diferentes gêneros musicais podem evocar respostas emocionais variadas e desencadear a liberação de neurotransmissores associados ao prazer e ao bem-estar, como a dopamina.
Diferentes tipos de música despertam diferentes emoções e evocam lembranças, provocando uma série de respostas no corpo humano. Assim, escutar música não é apenas lazer: a música pode ter efeitos terapêuticos e ser parte das estratégias de estímulo de áreas do cérebro que despertam os potenciais de aprendizagem.
“O funk é tudo isso, mistura musical, poesia que expressa a realidade das pessoas e é também festa, é música feita pra dançar, é corpo, é uma forma de lidar com o corpo e com a sexualidade”, conta.
“O funk permite múltiplas opções de negócios com qualquer área comercial ou industrial, já que o público vai de cinco a 50 anos, entre classes sociais diversas”, explica Afonso Marcondes.
O funk dá visibilidade às favelas no cenário musical e incentiva os jovens das periferias a acreditar em outras possibilidades através das letras das músicas.
Desde DJs e produtores até dançarinos e vendedores ambulantes, a economia do funk é vasta e diversificada. Além disso, o sucesso comercial de muitos artistas de funk tem contribuído para a economia criativa do Brasil, mostrando que a cultura das periferias pode ser uma fonte significativa de riqueza e inovação.