O termo apareceu em 2017, com a repercussão do movimento feminista Me Too (do inglês, “eu também”), uma hashtag usada nas redes sociais com denúncias de assédio sexual que repercutiram no mundo inteiro.
Você conhece a história de Wilson Simonal de Castro um dos maiores cantores da história da música popular brasileira, considerado nos Estados Unidos como o “Frank Sinatra negro”? Talvez não, justamente em função do poder da “cultura do cancelamento”.
O cancelamento ocorre por meio de intensas campanhas nas redes sociais, podendo assumir a forma de um linchamento virtual. O alvo dos canceladores pode ser levado ao repúdio público e perder trabalho, seguidores e patrocínios.
No Brasil, um dos casos mais marcantes foi o da atriz Gabriela Pugliesi. Embora ela já tenha participado de inúmeras polêmicas, o seu maior cancelamento aconteceu em abril de 2020, quando ela publicou, nas redes sociais, vídeos de uma festa com amigos em meio a pandemia de Covid-19.
O que faz alguém ser cancelado nas redes sociais? Existem várias situações que fazem uma pessoa ser cancelada na internet, desde ações combinadas de cyberbullying, comentários ofensivos até a simples discordância de opiniões e pensamentos.
Você sabe o que é a cultura do cancelamento? VEJA Explica
Em que ano surgiu a cultura do cancelamento?
Origem do termo
O termo apareceu em 2017, com a repercussão do movimento feminista Me Too (do inglês, “eu também”), uma hashtag usada nas redes sociais com denúncias de assédio sexual que repercutiram no mundo inteiro.
A antropóloga Izabel Accioly acredita que as pessoas que mais sofrem com a questão do cancelamento são aquelas mais vulnerabilizadas: pessoas pobres, negras, LGBTQIA+ e mulheres. Ela diz que a sociedade entende estes indivíduos e corpos como públicos ou até mesmo como pessoas que “não têm valor”.
Em tese, qualquer atitude considerada discriminatória, injusta, imoral ou antiética pode ser considerada merecedora do cancelamento. Recentemente, para citar alguns exemplos, houve o caso da influenciadora digital Gabriela Pugliesi, que foi cancelada por ter furado a quarentena.
Segundo ele, existe dois tipos de cancelamento: “o que é ruim e é preciso aprender com ele. E o que parece ruim, mas faz parte.” Faz parte porque, de acordo com Sampaio, vivemos em um mundo em que o consumidor está cada vez mais conectado, desconfiado e intolerante. E a polarização e o extremismo se fazem presentes.
Qual é o objetivo do cancelamento? De uma forma geral, o objetivo do cancelamento é reprimir determinadas atitudes terrivelmente inaceitáveis, como o racismo, o machismo, a LGBTfobia, entre outros.
Geisy Arruda rebateu Anitta após a cantora dizer que foi a primeira pessoa cancelada no Brasil. A influenciadora relembrou em entrevista a jornalista Cintia Lima, no Link Podcast, quando foi retirada da faculdade por policiais, após usar um vestido curto na sala de aula, em 2009.
O objetivo do cancelamento é anular o conteúdo que pessoa ou marca produz como punição por suas ações, que pode ser levado ao repúdio público. O fato também pode desencadear abandono, desprezo, desconsideração, esquecimento, isolamento, sentimento de tristeza profunda, apatia pela vida e até distúrbios alimentares.
A cultura do cancelamento é um fenômeno moderno segundo o qual uma pessoa ou um grupo é expulso(a) de uma posição de influência ou fama devido a atitudes consideradas questionáveis — seja on-line, no mundo real ou em ambos.
Cancelamento pode ser pedagógico? Na visão da psicóloga, o cancelamento de pessoas que cometeram atitudes não pode ser encarado como pedagógico. Segundo ela, os efeitos colaterais de um cancelamento são muito mais danosos.
Milhares de pessoas passam a criticar essa pessoa por seu deslize. E exageram na dose. Elas praticamente “cancelam” essa pessoa que errou. Todas essas pessoas que “cancelam” são os chamados “canceladores”.
Boa parte dos entrevistados ouvidos, 79% deles, é contrário ao cancelamento. Em um ano, de 2019 até 2020, a palavra cancelamento foi citada quase 20 mil vezes na internet, segundo a pesquisa. No ano passado, ela foi mencionada mais de 60 mil vezes, o que representa um crescimento de mais de 200%.
O fenômeno do cancelamento da cantora brasileira Karol Conká foi motivado por uma série de ações e comportamentos observados durante sua participação no reality show Big Brother Brasil 21. Sua conduta foi percebida como agressiva, manipuladora e discriminatória, causando repúdio e indignação em parte do público.
Mas, embora impulsionado pela internet, especialmente pelo Twitter, o fenômeno do cancelamento começou antes de as redes sociais ganharem tanta força, e fora do ambiente digital.