Com o desaparecimento das águas, os moradores estão levando mais tempo para navegar na região e tendo dificuldades para o abastecimento de alimentos, água potável e itens de necessidade básica. O acesso à Comunidade do Tumbira costumava ser feito em um trajeto por barco partindo de Manaus, por cerca de 1h30.
Caso a floresta desaparecesse, os problemas iriam muito além do excesso de chuva. “Na própria Amazônia, haveria uma crise hídrica da água, o colapso da produção de agrícola e pesqueira, tornando a vida da população essencialmente inviável.
Alguns efeitos foram notórios na área da agricultura como: seca na lavoura, perda total em algumas culturas. Na pesca e pecuária o caso foi mais grave: rios secaram, peixes morreram, gado ficou sem água. Na área social, algumas localidades ficaram sem comida, sem água potável e sem meios de locomoção.
Artigo científico liderado por pesquisadores brasileiros aponta que se não forem tomadas medidas urgentes, o ano de 2050 pode marcar o início de uma redução substancial na cobertura de floresta na região amazônica.
A seca de 2024 no Amazonas é considerada a pior da história em termos de impactos econômicos e sociais. A Defesa Civil estadual confirmou a informação com exclusividade à Expedição Amazonas, da GloboNews.
Ainda segundo o relatório, o mês de agosto de 2024 contabilizou 3.978 municípios em estado de seca com diferentes intensidades, desde fraca a extrema. Isso significa que mais de 70% dos municípios do país estão em uma condição de seca, sendo que destes, 201 encontram-se em situação de seca extrema.
Este fenômeno nunca registrado nesta intensidade, tem afetado a biodiversidade e vida humana em oito estados da Amazônia. A seca já vitimou mais de 140 botos, entre botos-cor-de-rosa e tucuxis, também conhecidos como botos cinzas. A mortalidade de peixes e outros animais aquáticos também é grande.
O estado do Amazonas já contabilizou 19.478 focos de incêndio desde o início de 2024, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Fatores como aquecimento do oceano e expansão do desmatamento também contribuíram para estiagem dura e prolongada. Pesquisadores alertam para risco de substituição da floresta tropical por vegetação de tipo de savana caso tendência de aquecimento e estiagem se mantenha nas próximas décadas.
Com mais de 82 mil focos de incêndio de 1º de janeiro a 9 setembro deste ano, a Amazônia já alcançou o dobro de queimadas no mesmo período de 2023 e o recorde da série histórica desde 2007, quando registrou 85 mil pontos de fogo.
A estiagem que mais matou na história foi no Nordeste, de 1877 a 1879. Calcula-se que meio milhão de pessoas morreram de fome, sede e de doenças. Em partes do Cerrado, como o Norte de Minas, essa é a pior seca em 700 anos, segundo um estudo da USP publicado este ano na revista Nature Communications.
Sem a Amazônia – ou com a Amazônia pela metade –, o Brasil também será um país mais quente. No cenário em que a floresta toda vira pasto e o mundo entra no trilho para conter o aquecimento global, a temperatura na região Norte subiria 2,5ºC além do aumento de 1,5°C a 2,5°C que já aconteceria caso a mata ficasse de pé.
O desmatamento de milhões de quilômetros quadrados de floresta poderia desregular o regime de chuvas e acentuar o aquecimento global. A floresta está em equilíbrio apenas quando está em pé.
A agricultura e a pecuária, grandes obras de infraestrutura, a exploração madeireira, a grilagem de terras, o garimpo e a expansão dos assentamentos humanos são atividades com grandes impactos sobre a floresta, especialmente quando são feitas de forma ilegal ou sem obedecer a um zoneamento ecológico-econômico.
A seca histórica que atinge o Amazonas em 2024 já afeta 747.642 pessoas em todo o estado, segundo o boletim sobre a estiagem divulgado pela Defesa Civil nesta segunda-feira (30). De acordo com o órgão, 186 mil famílias estão impactadas neste ano.
A desertificação da floresta amazônica terá efeitos catastróficos para o clima e para a biodiversidade, impactando não só as populações locais, mas todo o planeta. É preciso esforços e parcerias em ações que possam desacelerar ou zerar o desmatamento e a degradação na região.
E um dos principais impactos da seca é a dificuldade de acesso à água potável. Em muitas comunidades ribeirinhas, os rios secaram ou diminuíram tanto que não é mais possível utilizá-los como fonte de água. Isso tem obrigado as pessoas a buscar água em poços ou nascentes, que muitas vezes estão contaminados.
Já em 2024, no mesmo período, foram 503,5 km², redução de quase 60 km². É o menor índice para o mês desde 2018 e o segundo ano consecutivo com redução significativa.
O que está causando as queimadas no Brasil em 2024?
Os incêndios que estamos acompanhando em 2024 são, em parte, devidos a eventos naturais e, em parte, por ação dos seres humanos. A questão se as mudanças climáticas têm a ver com o que está acontecendo não é uma pergunta com resposta simples.
Segundo os pesquisadores, muito além dos impactos diretos sobre a própria floresta, ou sobre a própria região amazônica, o colapso do bioma teria o poder de desencadear alterações climáticas brutais em todo o planeta, com "consequências catastróficas para o bem-estar humano", incluindo insegurança hídrica e alimentar, ...
O Amazonas enfrenta uma crise ambiental sem precedentes em 2024, com uma seca que chegou antecipada e já impacta mais de 330 mil pessoas no estado, segundo a Defesa Civil. A escassez de água está isolando cidades e comunidades e prejudicando a economia local.
Isso pode favorecer um aumento dos volumes de chuva em nossa região somente nos últimos meses do ano ou provavelmente no início de 2025, gerando uma estação chuvosa abundante e diminuindo os efeitos destes dois anos de seca observados em 2023 e 2024.