A perversão é uma psicopatologia que é estruturada como uma forma de transgressão do que é convencional. A perversão está relacionada com um desvio existente no comportamento desde a infância, e cujo desenvolvimento se intensificou no decorrer da vida adulta.
O que responde o psicanalista sobre a perversão? As obras de Freud e de Lacan desvelam que a complexidade que se presentifica na perversão exige do psicanalista não somente uma extrema sutileza e precisão, como também, o desafia em sua práxis e em sua ética: a ética do desejo.
É um termo usado para designar o desvio, por parte de um indivíduo ou grupo, de qualquer dos comportamentos humanos considerados normais e/ou ortodoxos para um determinado grupo social, sobretudo comportamentos sexuais que se considerem anormais, repulsivos ou obsessivos.
Normalmente, a pessoa perversa é manipuladora, impulsiva, sedutora e se sente superior. Mentiras e transgressão das normas fazem parte da rotina e não há sentimentos de culpa. Os perversos desejam poder e podem adotar práticas sexuais entendidas como "desvios".
Assim como a neurose e a psicose, a perversão é uma psicopatologia. A definição de perversão está relacionada com algum tipo de comportamento sexual depravado ou que apresenta um desvio da normalidade. Em linhas gerais, a perversão é concebida como sinônimo de depravação sexual.
A PERVERSÃO NA CLÍNICA PSICANALÍTICA | Ferdinando Zapparoli
Como age o perverso?
O perverso apresenta um apagamento dos limites identitários; acredita que o outro tem as mesmas orientações que ele para a volúpia e para a dominação. É pouco apto para captar o menor sinal de desejo nesse outro, isto é, sua diferença. Já o paciente limite vive a si próprio como um estrangeiro que se olha de fora.
A partir de 1850, os manuais de psiquiatria elaboraram a primeira lista oficial das perversões com os seguintes itens: incesto, homossexualidade, zoofilia, pedofilia, pederastia, fetichismo, sado-masoquismo, transvestismo, narcisismo, auto-erotismo, coprofilia, necrofilia, exibicionismo, voyeurismo, mutilações sexuais.
O perverso não tolera a dúvida. Por se situarem no período edípico, tanto o perverso quanto o histérico terão a percepção de um terceiro. O histérico, ao querer ser desejado, não suporta que o outro deseje outra coisa que não ele, neste caso se sentindo no lugar de excluído.
O perverso revive, através de seu sintoma, a experiência de onipotência desfrutada pelo eu ideal. Bem diferentemente do neurótico, que busca esse sentimento através de seus ideais, ele precisa de um outro que lhe ateste o sucesso de sua recusa à castração.
As Três estruturas Mentais à Luz da Psicanálise: Neurose, Psicose, Perversão e suas articulações. A neurose estabelece como mecanismo de defesa o recalque, enquanto a psicose se utiliza forclusão e a perversão da denegação.
Elas visam à sustentação da existência em um mundo paralelo, extra ou subumano que tanto se sobrepõe como imita o humano. A perversão é baseada, entre outras coisas, no splitting do ego, tornando compreensível que diferentes níveis do seu comprometimento existam em cada manifestação perversa.
O que caracteriza a transferência perversa na psicanálise?
Como assinala Ogden (1996), a modalidade transferência-contratransferência está determinada pela estrutura perversa do mundo objetal interno inconsciente do paciente, mas o analista, de maneira inconsciente, também se compromete.
Essa estrutura mental demonstra a vontade de transgredir a ordem natural das coisas e um prazer em perturbar as normas sociais, mesmo que a pessoa aparentemente demonstre ser agradável. A pessoa perversa busca o prazer continuamente, tanto em seus comportamentos como em suas fantasias.
A diferença mais comum está na consciência dos seus atos, sendo que na psicopatia, o sujeito tem consciência que está quebrando as regras, já o perverso não entende que seu comportamento está infringindo as leis, pois acredita no que vê, recusa a realidade (Bergeret, 1998).
Na psicanálise, a perversão é entendida como uma forma particular de organização da vida psíquica, em que os desejos e fantasias sexuais se tornam dissociados da realidade e dos sentimentos de culpa e vergonha que normalmente os acompanham.
A pessoa com transtorno de personalidade perversa lida tranquilamente com a mentira. porque seu único objetivo é a autosatisfação, custe o que custar. Essas pessoas não tem nenhum sentimento de culpa, porque em sua mente a realidade está deformada, de maneira que sempre serão os outros os culpados por suas condutas.
Mas o tema aqui são os perversos: aqueles que não aceitam as regras sociais, mas fingem muito bem segui-las. Também dentro da psicanálise, a perversão se manifesta no momento da vida que metaforicamente é chamado de Complexo de Édipo.
O perverso, ao longo dos tempos, foi utilizado como bode expiatório, ou seja, são aqueles sujeitos que traduzem em atitudes incompreensíveis as tendências que habitam nos sujeitos “normais” e que os mesmos recalcam.
O homem perverso é uma pessoa iníqua. Anda por aí com a boca corrupta; pisca o olho, arrasta os pés e faz sinais com os dedos; trama perversidades com o mal no seu coração e em todo o tempo provoca discórdia. Por isso, a desgraça se abaterá repentinamente sobre ele; de um golpe será destruído irremediavelmente.
Qual é a diferença entre perversão e perversidade?
Parte da definição do conceito de “perversão” depende do jogo que essa noção permite estabelecer com um outro conceito, isto é, o conceito de “perversidade”, o qual se inscreve no domínio “jurídico-moral” em vez de no domínio “teológico-moral” (tanto que podem ser distinguidos plenamente no século XIX).
Ou, de fato, um narcisista perverso, caso manipule pessoas e situações a seu favor, acredite ser essencial para a existência da empresa (ou do mercado) e humilhe quem está a sua volta para garantir destaque. Segundo o manual, a incidência do problema pode ser maior entre os homens.