Para Magda Soares, grande pesquisadora e estudiosa na área, quando a criança está descobrindo, reconhecendo e associando sua escrita aos respectivos fonemas o ideal é que se apresente as letras na sua individualidade, o que não acontece na escrita cursiva, em que as letras aparecem emendadas.
Magda Soares assevera, ainda, que as aprendizagens do ler e do escrever são muito distintas uma da outra, tanto nos aspectos linguísticos quanto cognitivos. Isso, por si, já significa que ambas as habilidades – leitura e escrita – serão formadas não por um método, mas por métodos diferentes.
No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê o ensino da habilidade de se escrever em letra cursiva nos primeiros anos do ensino fundamental. Karin James, professora de Ciências Cerebrais e Psicológicas na Universidade de Indiana (EUA), aplica suas pesquisas em crianças de 4 a 6 anos.
De acordo com a autora: “Verifica-se uma progressiva, porém cautelosa, extensão do conceito de alfabetização em direção ao conceito de letramento: do saber ler e escrever ao ser capaz de fazer uso da leitura e da escrita.” (SOARES, 2017: 33).
O que a pedagogia moderna diz sobre a letra cursiva?
O que a pedagogia moderna apresenta? Escrever à mão era só em cursiva, e, para garantir que a letra fosse legível, os alunos eram obrigados desde cedo a passar horas e horas debruçados sobre os cadernos de caligrafia.
A neurociência sustenta que a escrita cursiva, por exigir maior esforço de integração entre áreas simbólicas e motoras do cérebro, é mais eficiente do que a letra de forma para ajudar a criança a adquirir fluência e escrever "em tempo real".
A professora Magda Soares discute as concepções de alfabetização e letramento, afirmando que a aprendizagem do sistema de escrita deve ocorrer contemporaneamente à aprendizagem dos usos sociais desse sistema, o que a pesquisadora chama de “alfaletrar”.
Soares (2010) define letramento como “[...] o estado ou condição de indivíduos ou de grupos sociais de sociedades letradas que exercem efetivamente as práticas sociais de leitura e Page 12 MARCHESONI, L. B.; SHIMAZAKI, E. M. Educação: Teoria e Prática/ Rio Claro, SP/ v. 31, n.64/2021. eISSN 1981-8106 e07[2021] Págin a ...
Cada aprendizagem diferencia-se das demais por processos próprios, mas interdependentes. Cada aprendizagem depende das demais, como a aprendizagem do sistema de escrita para que se possa ler e escrever, usando a escrita nas situações culturais e sociais em que a escrita está presente.
Embora a BNCC normatize a exigência do ensino da letra cursiva, a pesquisa evidenciou que, mesmo sem essa obrigatoriedade, 33 professores (91,67%) pesquisados seriam favoráveis à sua aprendizagem. Isso confirma que, segundo os professores, o ensino da letra cursiva ainda é considerado importante.
Para Freire, a aprendizagem da escrita-leitura, percebida como ato criador, implica necessariamente “a compreensão crítica da realidade” (outra forma de referir-se à expressão “leitura do mundo”).
Como o legado de Magda Soares pode ajudar os professores na alfabetização?
A educadora produziu uma extensa lista de livros acadêmicos e didáticos, sendo que a obra Alfabetização: a questão dos métodos rendeu a Magda o Prêmio Jabuti em 2017. Sua última obra foi Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever, lançada em 2020.
Magda Soares defendia que sim, é preciso ter vários métodos para alfabetizar, mas, sobretudo, como ensinar o quê e para quem. Deixou claro que a fala é inata, já a escrita é cultural e precisa ser desenvolvida, ou seja, a criança não aprende a ler e a escrever sozinha.
E nas palavras de Freire o letramento reflete uma luta política por melhoria da educação que melhora o índice de alfabetismo. (...) os estudos sobre o letramento reconfiguraram a conotação política de uma conquista – a alfabetização - que não necessariamente se coloca a serviço da libertação humana.
O letramento então, de acordo com Kleiman, concebe o escrito e o oral como contínuos e não opostos. E para contribuir com o ensino da língua escrita na escola, segundo Kleiman, é necessário ampliar o universo textual do aluno incluindo gêneros e novas práticas sociais que não aparecem tanto nas escolas.
O principal público-alvo dessa especialização são educadores das redes pública e privada, pedagogos, gestores educacionais, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e demais profissionais da área educacional que demonstrem interesse pelo tema.
São eles: Nível pré-silábico (distinção entre desenho e escrita), Nível silábico (construção de formas de diferenciação das escritas, ou seja, quantas letras, quais as letras e como devem ser organizadas para que possam dizer algo), Nível silábico alfabético e alfabético (fonetização da escrita.
Qual foi a contribuição de Magda Soares para a educação?
O contributo de Magda Soares no percurso formativo das participantes perpassa a dimensão da Educação Social por meio da defesa na garantia do direito de toda criança se apropriar da leitura e da escrita, tendo em vista uma formação cidadã.
“A letra cursiva melhora a coordenação motora fina, isto é, ao aprender e praticar a execução do traçado correto da letra que é própria de sua identidade, a criança também desenvolve noções de orientação espacial”, explica a educadora.
Este estilo de fonte passa uma sensação mais humanitária, artesanal, de feminilidade, elegância, criatividade e simpatia. Exemplos de logotipos com letras cursivas: Instagram, Cartier, Unilever, Coca-Cola, Hoplovers.
O aprendizado da escrita cursiva desenvolve a disciplina e contribui para a autoestima do estudante. O processo de aprendizagem em dominar a escrita cursiva, acaba envolvendo imitação de modelos, repetição e persistência.