Bakhtin, pensador russo com sua teoria da linguagem, explicou que o homem não nasce só com um organismo biológico abstrato, ele nasce num meio social e, em meio a interação discursiva entre os sujeitos acontece a comunicação, a aprendizagem.
Entende-se que Bakhtin é um “filosofo da interação” sua teoria engendra sempre a comunicação entre um “eu” e “outro” e, os enunciados são a liga dessa interação. O enunciado é a representação de uma dada realidade, que ao mesmo tempo que retrata a realidade nela se refrata, portanto, a ressignifica.
Para Bakhtin, a realidade da fala-linguagem não é o sistema abstrato das formas linguísticas, não é o enunciado monológico isolado, mas o evento social da interação verbal. A palavra orienta-se para um destinatário e esse destinatário existe numa relação social clara com o sujeito falante (STAM, 1992, p. 42).
Com o termo "ideologia" Bakhtin indica as diferentes formas de cultura, os sistemas superestruturais, como a arte, o direito, a religião, a ética, o conhecimento científico etc.
A linguagem do ponto de vista bakhtiniano tem vida em um espaço enunciativo-discursivo e, com isso, amplia-se mais ainda ao ser considerada não como um privilégio do verbal, ou seja, todas as manifestações que tenham a interferência do homem constituem-se como linguagem, enunciado, texto.
Linguística: Bakhtin e sua teoria | Bruna Martiolli
Qual a concepção de linguagem de Bakhtin?
A primeira concepção de língua é chamada por Bakhtin de “subjetivismo idealista”. O filósofo sintetiza essa concepção basicamente dizendo que a língua é uma atividade, um processo criativo ininterrupto de construção (“energeia”), que se materializa sob a forma de atos de fala individuais.
Em suma, Bakhtin (2010[1929-1930]) vê o tema como o sentido que o discurso pode assumir numa dada situação comunicativa concreta e única. Estudar o tema é também estudar a significação, porque ela está no interior do tema.
A filosofia de Bakhtin serve para o ser humano, ensina uma forma melhor de viver a vida, de enxergar o outro e a nós mesmos. Espero que quem leia esse texto, ao terminar, seja emprenhado de reflexões e que sinta o mesmo impacto que todos que estavam presentes naquela noite de 18 de outubro de 2017, sentiram.
Os gêneros do discurso são definidos por Bakhtin (2003) como “tipos relativamente estáveis de enunciados”, o meio através do qual se estabelece uma comunicação, ou seja, são situações típicas da comunicação social.
Quais as contribuições de Mikhail Bakhtin para os estudos da linguagem?
Assim, para tal autora, a principal contribuição de Bakhtin para as ciências humanas seria, sobretudo, sua cosmovisão de linguagem dialógica, introduzindo o discurso como social, situando a fala num contexto mais amplo, do seu conteúdo ideológico, com significado e sentido.
Foi mostrado que, para o Círculo de Bakhtin, a realidade fundamental da língua é a interação verbal, que se materializa pela comunicação verbal por meio da enunciação concreta, que é concreta por ser entre sujeitos reais e sócio-historicamente situados e por ser um evento único e irrepetível.
Para Bakhtin (1985b), o enunciado é a unidade concreta e real da comunicação discursiva, uma vez que o discurso só pode existir na forma de enunciados concretos e singulares, pertencentes aos sujeitos discursivos de uma ou outra esfera da atividade e comunicação humanas.
Bakhtin (1992, p. 120) enfatiza que o diálogo ocorre intertextualmente, tanto na compreensão textual, quanto na produção textual em oposição a relação objetiva do conhecimento. É no diálogo recíproco que ocorre a comunicação, sendo essa reciprocidade essencial na produção de sentidos em leitura e escrita.
Ele acredita que a língua está sempre a serviço de um locutor que a usa numa determinada condição de enunciação em que a palavra, o signo, está de acordo com a situação social estabelecida concretamente; o locutor serve-se da língua para suas necessidades enunciativas concretas.
O círculo de Bakhtin foi um grupo de intelectuais multidisciplinares que se dedicou a pensar nas formas de estudar linguagem, literatura e arte. São vastas as suas contribuições em diversas áreas, tais como: a sociolinguística e análise do discurso.
Para Bakhtin (1990, p. 278), o estético, sem perder suas especificidades formais, está enraizado na história e na cultura, tira daí seus sentidos e valores e absorve em si a história e a cultura, transpondo-as para um outro plano axiológico precisamente por meio da função estético- formal do autor-criador.
Para Bakhtin texto é todo sistema de signos cuja coerência e unidade se deve à capacidade de compreensão do homem na sua vida comunicativa e expressiva.
A noção de gênero bakhtiniana abre perspectiva para a análise das relações entre a expressão da individualidade e as pressões sociais que a determinam. Assim, considera-se que o enunciador, imerso em uma sociedade, possui um projeto discursivo e os gêneros do discurso apresentam recursos para sua expressão.
Quais são os três elementos que, de acordo com Bakhtin (1997), constituem os gêneros do discurso?
Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são mar- cados pela especificidade de uma esfera da comunicação.
Para Bakhtin, os gêneros do discurso resultam em formas-padrão “relativamente estáveis” de um enunciado, determinadas sócio-historicamente. O autor refere que só nos comunicamos, falamos e escrevemos, através de gêneros do discurso.
Na Estética da Criação Verbal (BAKHTIN, 2003), o autor postula que a compreensão da língua não se dá a partir de frases ou orações, mas a partir de gêneros do discurso.
Para Bakhtin o uso da língua ocorre em forma de enunciados os quais possuem condições e finalidades específicas ancoradas em três elementos: conteúdo temático ( tema abordado), estilo de linguagem (os recursos lingüístico-expressivos do gênero e as marcas enunciativas do produtor do texto) e construção composicional (a ...
Começamos afirmando que Bakhtin considera o dialogismo e o diálogo como um “fenômeno quase universal, que penetra toda a linguagem humana e todas as relações e manifestações da vida humana, em suma, tudo o que tem sentido e importância” (2010b, p.
Para o estudioso bakhtiniano, é a relação dialógica com o objeto, entre as vozes presentes e as relacionáveis com o enunciado, que garante compreender os sentidos de um texto na qualidade de enunciado vivo.
A idéia bakhtiniana é integrar o ato de enunciação individual num contexto mais amplo, a fim de revelar relações intrínsecas entre o linguístico e o social; haja vista que limitar-se ao estudo interno da língua não seria tarefa de um linguista que intenta dar conta do seu objeto.