Especialistas apontam que o principal fator para o aumento no número de queimadas é a seca, que afeta mais de 58% do território nacional, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais).
No Brasil há uma grande quantidade de queimadas, principalmente nos biomas Amazônia e Cerrado. Alguns fatores têm agravado esse cenário, como o aquecimento global e o desmatamento. Um estudo feito pela ONG MapBiomas observou mais de 150 mil imagens de satélites com dados de queimadas entre 1985 e 2020.
Por que ultimamente as queimadas acontecem com tanta frequência?
Este ciclo de feedback, combinado com a expansão das atividades humanas nas áreas florestais, está impulsionando grande parte do aumento da atividade de incêndios que vemos hoje. À medida que as queimadas causadas pelo clima queimam áreas maiores, elas afetarão mais pessoas e terão impacto na economia global.
As queimadas que atingem a Amazônia, Cerrado e Pantanal e enchem o céu do país de fumaça são causadas pela ação humana, para renovação de pasto ou para o avanço do desmatamento. A impunidade e o dinheiro que segue fluindo para os setores que desmatam contribuem para que este problema continue.
Em 2024, 70% da área queimada no Brasil foi de vegetação nativa. Os dados são do Monitor de Fogo, monitoramento iniciado em 2019 pelo MapBiomas. Só em agosto, mês que registrou sozinho quase a metade dos incêndios florestais do ano, a vegetação nativa representou 65% da área queimada.
Fumaça de queimadas na Amazônia chega até o sul do Brasil; entenda como | SBT Brasil (22/08/24)
O que está acontecendo na Amazônia hoje, 2024?
O Amazonas registrou 21,6 mil queimadas só em 2024 e, com isso, o ano já é considerado o pior no número de focos de calor desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a série histórica. O estado está em estado de emergência ambiental por conta das queimadas.
Já em 2024, no mesmo período, foram 503,5 km², redução de quase 60 km². É o menor índice para o mês desde 2018 e o segundo ano consecutivo com redução significativa. A queda é bem maior quando comparada a 2022, quando foram registrados alertas de desmatamento em 1.661,02 km² na região.
Queimadas sempre ocorreram no País ao longo de pelo menos os últimos 30 anos, e elas eram fruto do desmatamento para abertura de novas áreas agrícolas e para pecuária no Cerrado e na Amazônia. Mas 2024 será lembrado como o ano em que esta questão superou os limites.
Antes de o fogo atingir terras paulistas, no entanto, as queimadas em biomas como o Pantanal e o Cerrado já haviam batido recordes em 2024 — outras regiões, como a Amazônia, também registraram aumento em relação a anos anteriores. Por trás desse cenário estão fatores climáticos extremos e a ação humana.
O fogo está intimamente ligado ao desmatamento, pois é a forma mais barata e rápida de “limpar” áreas recém-desmatadas. Por muitos anos, a relação entre as duas ações era direta: quanto mais alta era a taxa de desmatamento, maior o uso do fogo na região, e vice-versa.
No entanto, o fator humano é o principal responsável pela crise. O derrubada da vegetação é uma das maiores causas dos incêndios. Nos últimos meses, o desmatamento na Amazônia aumentou, o que deixa o solo exposto e a vegetação degradada, e facilita, ainda mais, a propagação das chamas.
O fogo é o meio mais eficiente para os ruralistas escaparem à fiscalização do Ibama. Além disso, os desmatadores têm vantagens na Bovespa, que canaliza R$560 bilhões do agronegócio e que não conta com mecanismos de punição para crimes ambientais.
Neste caso, os animais e plantas desse bioma estão adaptados à passagem do fogo e até se beneficiam dessa ocorrência, pois algumas espécies de plantas só germinam quando submetidas a altas temperaturas. Os animais conseguem se proteger das áreas atingidas pelo fogo.
Porque ultimamente as queimadas acontecem com tanta frequência?
As queimadas na Amazônia, o maior bioma brasileiro, acontecem há muito tempo, sendo de origem natural, indígena ou ocasionadas para abertura de grandes áreas para pastagens, lavouras e/ou garimpos no meio da selva.
Um aumento de 80% em comparação ao mesmo período em 2023, quando foram registrados 29.826 focos. O número de queimadas entre 1 de janeiro e 27 de agosto de 2024 é o maior para esse período desde 2010.
⛅ Essas grandes nuvens de fumaça são provocadas por queimadas e podem se estender por milhares de quilômetros. Elas são conhecidas como plumas de fumaça e são capazes até de encobrir o sol, como ocorreu no meio da tarde.
Autor do livro Amazônia: riqueza, degradação e saque, o especialista destaca que a agropecuária, a mineração e o setor madeireiro são as principais atividades que contribuem para o desmatamento da Amazônia e que a grilagem de terra alimenta essa exploração econômica.
O governo federal editou a Medida Provisória 1.258/2024, que destina crédito de R$514 milhões para combater as queimadas na Amazônia Legal. Desse total, R$ 150 milhões irão para as Forças Armadas e para a Força Nacional.
As mudanças climáticas e as queimadas no Brasil estão interligadas. O aquecimento global, causado pelo aumento da emissão de combustíveis fósseis, altera os padrões de temperatura e precipitação, tornando algumas regiões mais secas e vulneráveis a incêndios.
Intencional, a gente não tem dúvida. A maior parte, 99% do incêndio no Brasil, é ação humana, são pessoas que colocam fogo, ou por vandalismo, ou por sadismo de ver a floresta pegando fogo, ou simplesmente para destruir a floresta.
A Polícia Federal e a Polícia Civil paulista já sabem que o PCC está por trás da maioria das queimadas de matagal e lavouras no interior de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Com mais de 82 mil focos de incêndio de 1º de janeiro a 9 setembro deste ano, a Amazônia já alcançou o dobro de queimadas no mesmo período de 2023 e o recorde da série histórica desde 2007, quando registrou 85 mil pontos de fogo.
Estados como Mato Grosso, Pará, Amazonas, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Maranhão concentram grande parte desses focos, com uma soma de 127.028 registros.
O calendário do desmatamento 2024, que abrange o intervalo de agosto de 2023 a julho 2024, registrou 3.490 km² de florestas derrubadas, representando uma diminuição de 46% em comparação ao período anterior, que vai de agosto de 2022 a julho de 2023.