Resumos. Apesar de ser um ateu convicto e de sempre ter professado seu ateísmo, Freud, paradoxalmente, manifestou grande interesse pelo estudo do fenômeno religioso e empenhou-se seriamente em empregar elementos-chave da teoria psicanalítica para interpretar as origens e a natureza da religião.
Segundo Freud (1927/2006), a religião é a realização dos desejos, mas é também lembranças importantes do passado, o que concede a ela um poder incomparável. Seu valor histórico merece respeito, mas não invalida a posição de que os preceitos da civilização devem ser fundamentados em um pensamento racional.
Hans Zirker - Segundo sua própria compreensão, Freud certamente era ateu, porque, como homem se mantém fiel a Deus, Freud o vê sujeito à imaturidade, à consciência ilusória e à neurose coletiva.
A religião, dirá Freud, encontra sua força no fato de que ela fornece um pai, solucionando o desamparo humano; uma ordem moral mundial que assegura a justiça entre os homens; e a vida eterna, solucionando o problema da morte - ou seja, a religião fornece uma resposta aos desejos mais antigos da sociedade.
Para Freud, Deus é construído sobre a representação do pai. Ele dizia que Deus é “uma exaltação do pai”, “uma sublimação do pai”, “um substituto do pai”, “uma cópia do pai” e finalmente que “Deus é o pai”. Freud negligenciou examinar o significado da mãe na formação da representação de Deus.
Freud faz pensar que o mito cristão do pecado original seja um crime de morte contra o Pai primevo. O sacrifício é, então, a interdição marcada pelo sim- bólico, que vem se apoiar na falta suscitada pelo pecado.
Deus é o maior ser do universo e o centro da vida cristã. Consequentemente, fazer psicologia do reino implica, necessariamente, reconhecer sua centralidade na prática da disciplina.
A psicanálise identifica que muitos de nossos comportamentos e motivações são obscurecidos pelo véu do inconsciente. Da mesma forma, as Escrituras destacam a batalha interna entre a carne e o espírito. Em Romanos 7:19, Paulo confessa: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”
Ele acreditava que boa parte daquilo que vivemos — emoções, impulsos e crenças — surge a partir de nosso inconsciente e não é visível pela mente consciente. Lembranças traumáticas, por exemplo, ficam “bloqueadas” na memória de um indivíduo, mas continuam ativas sem sabermos e podem reaparecer em certas circunstâncias.
Albert Einstein afirmou “Eu acredito no Deus de Spinoza”. Ele não acreditava num Deus pessoal que se preocupasse com o destino e as ações dos seres humanos, uma visão que ele descreveu como ingênua. Ele ratificou, entretanto, que “não sou ateu”, preferindo chamar a si mesmo de agnóstico, ou de “descrente religioso”.
O austríaco também era conhecido por ser um fumante compulsivo, chegando a consumir cerca de 20 charutos por dia. Por conta do tabagismo, fez mais de 30 cirurgias para retirar tumores da boca, mas acabou não resistindo a um câncer de laringe e morreu no dia 23 de setembro de 1939, aos 83 anos de idade.
Enquanto a vida mental de um indivíduo for utilizada como Freud a utilizou, para representar e trazer consigo uma história ambiental, seu uso será inadequado e enganoso. A teoria do aparato mental de Freud teve um efeito igualmente prejudicial sobre seus estudos do comportamento como variável dependente.
Segundo Nietzsche, a religião não é uma prática libertadora, mas pelo contrário, oprime a alma humana transformando os instintos vitais em algo negativo. Dentre outras coisas, ele afirma que o cristianismo aprisiona o homem em propósitos e objetivos metafísicos, que para ele é algo ruim a ser superado.
Como é sabido, Jung era suíço e filho de pais protestantes, o que não ocorria com Freud, que era judeu, e seu meio social e intelectual era formado por uma maioria de descendência judaica. Tanto que no início a Psicanálise fora chamada, por grande parte da sociedade, de “Ciência Judaica”.
Para a Psicanálise, o importante é não discursar sobre a existência ou não de Deus, mas compreender os motivos latentes de nossa crença e nossa descrença religiosa. Sabemos que todo discurso, inclusive o religioso, é um discurso humano.
Não existe oposição entre Psicologia e religiosidade, pelo contrário, a Psicologia é uma ciência que reconhece que a religiosidade e a fé estão presentes na cultura e participam na constituição da dimensão subjetiva de cada um de nós.
A religião e a prática da Psicologia devem estar absolutamente separadas. O espaço terapêutico não deve se tornar um lugar de proselitismo e afirmação de nenhuma corrente religiosa, embora deva respeitar a todas as comunidades de fé, inclusive a ausência delas.
Por que a Bíblia se coloca em oposição a psicanálise?
Merval comenta que para Freud, religião nada mais é do que uma regressão à dependência infantil. Para Freud, Deus é apenas a imagem magnificada do pai. O ponto de conflito, ou seja, a dificuldade de aceitação da psicanálise pela maioria cristã se deve ao fato de que tanto a Bíblia quanto a psicanálise tratam da alma.
Sigmund Freud (nascido Sigismund Schlomo Freud; Freiberg in Mähren, 6 de maio de 1856 – Londres, 23 de setembro de 1939) foi um médico neurologista e importante psicanalista austríaco. Freud foi o criador da psicanálise e a personalidade mais influente da história no campo da psicologia.
Ele era confiante sem ser arrogante, acreditava em valores absolutos sem ser rígido e tinha clareza sobre sua própria identidade sem julgar os outros. Jesus abordava as pessoas com técnicas psicológicas que estamos apenas começando a entender.