A proposição de 9 de outubro de 1967 marca o rompimento de Lacan não só com a IPA mas com grande parte do acervo histórico e teórico acumulado por vários pioneiros do movimento psicanalítico.
Permitia-se encerrar uma sessão em três minutos, sob a justificativa de que é o tempo lógico para o inconsciente se pronunciar. Em 1964, Lacan fundou a Escola Freudiana de Paris, que seria dissolvida em 1980, um ano antes da sua morte, em 9 de setembro de 1981.
Sofrendo de um câncer no cólon que tardou à operar, já muito debilitado desde um acidente de carro em 1978, Lacan reduziu sem cessar as suas atividades a partir de fevereiro de 1980.
Qual foi uma das polêmicas que Lacan causou e dividiu opiniões em sua época?
Lacan relacionou a psicanálise e a filosofia, isso foi um dos fatores que dividia as opiniões dos demais colegas de profissão na época, mas hoje em dia há uma percepção de proximidade entre filosofia e qualquer linha da psicoterapia, seja ela a psicanalise ou a terapia cognitiva comportamental (alternativa A).
Lacan começa a trabalhar na psicanálise em um momento em que a teoria freudiana sofria uma apropriação pelos pós-freudianos, centrados na compreensão do eu e em um funcionamento clínico que buscava seu fortalecimento. Essa posição opõe-se ao descobrimento princeps de Freud, o inconsciente.
A expulsão de Lacan da IPA foi causada por ele não obedecer às normas daquela instituição e ter muitos alunos, analisandos e supervisionados ao mesmo tempo, bem como por conta das “sessões curtas” de cinco minutos que Lacan insistia em manter — algumas sessões de Lacan foram de apenas um minuto.
Para Lacan, das Ding indica a falta na origem, o que é ignorado quando se restringe a questão ao contexto da interpsicologia criança-mãe. A falta, portanto, não é relativa a um objeto primordial, mas está ela mesma na origem da experiência do desejo, ou seja, é condição de possibilidade desta última.
Lacan, de origem católica, se dizia “filho de padre”, por ter sido educado pelos irmãos maristas. Os dois não se omitem de examinar o campo das “verdades” religiosas, separando o interesse investigativo da crença. Embora Freud e Lacan tenham o ateísmo como ponta de lança da psicanálise, há uma diferença entre os dois.
Lacan focou seus estudos na manifestação do inconsciente, que Freud abordou em textos como A Interpretação dos Sonhos, Sobre a PsicoPatologia da Vida Cotidiana e Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente, publicados entre o fim do século 19 e o começo do século 20.
Considerada como complexa para muitas pessoas, a obra lacaniana é chamada de “retorno a Freud”, já que Lacan brilhantemente retomou as ideias de Freud, atribuindo-lhe novos sentidos e correlações.
No entanto, diferentemente de Freud, que pensava o inconsciente como "intrapsíquico", isto é, como parte tópica do aparelho psíquico, Lacan pensava o inconsciente como um discurso, não estando ele dentro ou fora de alguém, e sim como efeito do significante.
amar é querer o bem a alguém. Lacan, por outro lado, empreende uma separação fundamental entre o amor e a ideia do bem. O amor de transferência — ou, ousaríamos dizer apenas, o amor — ensina àquele que ama que há uma falta inscrita em seu desejo.
A teoria dos espelhos, de Jacques Lacan, médico, psiquiatra e psicanalista francês, acredita que só conseguimos enxergar características em outras pessoas que também existam, ou já existiram algum dia, dentro de nós. Ele acredita que nosso papel, como humanos, é aprender sobre nós mesmos, através das nossas relações.
Sua afirmação de que o inconsciente se estrutura como linguagem, somada às noções de simbólico, imaginário e real, são algumas das contribuições decisivas de seu trabalho. Seu nome completo era Jacques Marie Émile Lacan, nascido na cidade de Paris em 1901, em plena belle époque.
Lacan começa a ganhar reconhecimento em 1950, quando era uma espécie de crítico da psicanálise de sua época e considerado reinventor da psicanálise por alguns autores. O Lacanismo é peça vital na biografia de Jacques Lacan, salvando sua identidade profissional à posteridade.
Quais são os dois pilares que, segundo Lacan, são?
Vamos nos aprofundar em alguns dos seus principais pilares. 1. Linguagem e Inconsciente: A revolucionária afirmação de Lacan de que "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" rompeu com muitas convenções anteriores da psicanálise.
Uma psicanálise lacaniana é acima de tudo um processo de escuta do possível analisante, que se inicia através de entrevistas preliminares onde o paciente é convidado a falar e portanto se escutar sobre sua vida, sua história, sobre o que o faz sofrer.
Lacan então tenta pensar a temporalidade do tempo da sessão e do tempo da própria análise. Então, podem haver sessões que possam durar 50 minutos e podem haver sessões que podem ser muito mais breves, assim como também sessões que podem ser mais compridas. Tudo isso vai depender do lugar de corte.
Cada teórico traz uma visão de uma religião diferente; Freud trabalha o judaísmo; Jung o protestantismo; e Lacan sobre a religião católica. Julien traz a visão de Freud sobre a religião, onde o mesmo trata a religião como uma ilusão e que se faz necessária para o ser humano ante o desamparo.
Mais à frente, em sua obra, Lacan conceberá o Real como sendo da ordem do Impossível, o que escapa ao Simbólico. O Real será atrelado ao aforismo “não há relação sexual”. Ter-se-á o impossível da relação sexual, isto é, a impossibilidade de sua inscrição no Simbólico.
Lacanianismo ou psicanálise lacaniana é um sistema teórico que explica a mente, o comportamento e a cultura através de uma extensão estruturalista e pós-estruturalista da psicanálise clássica, iniciada pelo trabalho de Jacques Lacan das décadas de 1950 a 1980.
"O vazio pode ser silencioso, mas ele não é por causa disso o silêncio: ele é a abertura da fala sobre ela mesma. A fala se conhece a partir de seu vazio quando as palavras não garantem mais nada." (Fédida, 1978, p. 289).
Diz Lacan que o eixo é o desejo do analista; isto reproduz o elemento de alienação – há um ponto em que o desejo do sujeito jamais pode reconhecer-se, e como mostra a experiência analítica, "é de ver funcionar toda uma cadeia no nível do desejo do Outro que o desejo do sujeito se constitui".
O falo, tomado como representação do pênis ereto, é o mais saliente no real do ato sexual. "Real", aqui, não faz referência ao seu sentido lacaniano ,como encontramos ao final de sua obra. Está mais próximo da noção de "realidade", do biológico na relação sexual.