Em julho do ano passado, o então presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, informou à Agência Brasil que cerca de R$ 7,8 bilhões já haviam sido investidos em Angra 3, projeto que necessitaria de mais R$ 20 bilhões para ser concluído e entrar em operação até 2029.
Para fontes envolvidas e especialistas consultados pela Bloomberg Línea, o projeto deve enfrentar grandes desafios, com o custo final incerto. O Ministério de Minas e Energia estimou que a conclusão de Angra 3 demandaria aproximadamente R$ 20 bilhões. Segundo a pasta, já foram gastos cerca de R$ 8 bilhões nas obras.
A construção foi embargada em abril de 2023 pela prefeitura de Angra dos Reis (RJ), que alegou que houve atraso no repasse financeiro pela cessão do terreno e uma alteração no projeto original que impactou o acordo urbanístico entre as partes.
65% da obra já foi realizada e estima-se que Angra 3 entre em operação no final de 2028. Paralisada em 2015 devido à revisão do financiamento, a obra foi retomada em 2022.
Além da antiga polêmica em torno do custo de construção da usina (mais de R$ 10 bilhões, sendo quase R$ 7 bilhões de juros), cientistas apontam a necessidade de o país investir em pesquisa e formação especializada nessa área.
Na América Latina, além do Brasil, Argentina (3) e México (2) têm usinas nucleares. Dos três, o Brasil é o que tem maior potência. No mundo há 58 reatores em construção em 17 países.
Por que as usinas foram instaladas em Angra dos Reis?
As razões determinantes dessa localização foram a proximidade dos três principais centros de carga do Sistema Elétrico Brasileiro (São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro), a necessária proximidade do mar e a facilidade de acesso para os componentes pesados.
A usina nuclear Angra 1, no estado do Rio de Janeiro, foi desligada temporariamente nessa terça-feira (26), após apresentar uma falha em um sensor, informou a Eletronuclear em nota. O problema ocorreu após um trabalho de manutenção dos transmissores de fluxo de uma bomba de refrigeração.
Em funcionamento desde 1985, Angra 1 tem 640 megawatts (MW) de potência, energia suficiente para suprir 2 milhões de habitantes, o equivalente à cidade de Manaus. A usina é vizinha de Angra 2, que tem potência de 1.350 MW e produz energia desde 2001.
Se nos atermos à potência instalada, a maior usina nuclear do mundo é a Kashiwazaki-Kariwa, que está localizada na cidade de Niigata, 368km a noroeste de Tóquio (Japão).
A promessa de Angra 3 é outra, não menos importante: soberania tecnológica. A nova usina pode gerar desenvolvimento científico, econômico e industrial, e nos preparar para um futuro menos dependente de combustíveis fósseis (que hoje são 16% da matriz energética brasileira).
O elevado fator de capacidade é uma das principais vantagens comparativas da ge- ração elétrica nuclear. Angra 1 custou R$ 8,4 bilhões. Angra 2, com o dobro da capacidade, R$ 17,2 bi- lhões.
Em 2020, o custo médio da eletricidade nuclear foi de cerca de 75 libras por MWh, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Na Ásia, especificamente no Japão, após o desastre de Fukushima em 2011, o custo da eletricidade nuclear no foi aumentado devido a regulamentações mais rigorosas.
Com capacidade projetada de 1,4 GW, Angra 3 começou a ser construída na década de 1980. As obras foram paralisadas em 1984 e, após breve retomada em 2009, foram novamente paralisadas em 2015. Até hoje, já foram investidos R$ 7,8 bilhões na construção da usina.
Uma central nuclear não pode ser desligada só por se apertar um botão, mas sim reduzindo-se gradualmente a potência dos reatores. "A partir das 22h, reduziremos a potência da instalação para 10 megawatts por minuto", explicam as autoridades da central Isar 2, localizada perto de Munique, na região sul da Baviera.
Formada pelo conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (ainda em construção), foram criadas através do programa nuclear brasileiro da década de 1950, com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), liderado na época pelo Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva.
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Porque as usinas nucleares são construídas perto do mar?
Além disso, estar perto do mar é importante, já que é preciso muita água para resfriar o sistema - vale dizer que essa água não entra em contato com a radioatividade.
Em construção desde 1981, Angra 3 já custou R$ 7,8 bilhões e deve exigir mais R$ 20 bilhões para ser finalizada, de acordo com estimativas da Eletronuclear. A obra foi interrompida diversas vezes por falta de dinheiro, rescisão de contratos e suspeitas de corrupção, e a inauguração, por ora, está prevista para 2028.
Um vazamento ocorrido na Usina Nuclear Angra 1, no Rio de Janeiro, em setembro do ano passado, tem sido alvo de muita preocupação das autoridades, já mobilizou o Ibama, a Polícia Federal, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Congresso, virou alvo de investigação do Ministério Público e chegou à Justiça, ...
Qual é o maior problema das usinas nucleares para o Brasil? Um dos maiores problemas para o Brasil investir em energia nuclear é o alto custo. Isso porque o valor de 1.000 MW é gigantesco: 5 bilhões de dólares, cerca de 20 bilhões de reais. Normalmente, esses valores ficam abaixo dos valores finais da obra.
Segundo relatório, a China tem atualmente 27 reatores nucleares em construção, com um tempo médio de construção de aproximadamente 7 anos, um ritmo consideravelmente mais ágil em comparação com outras nações.
A decisão da implementação de uma usina termonuclear no Brasil aconteceu de fato em 1969, quando foi delegado a Furnas Centrais Elétricas SA a incumbência de construir nossa primeira usina nuclear.