Até o dia 22 de setembro de 2024, São Paulo contabilizou 7.296 queimadas, um número que ultrapassa os 7.291 focos registrados em 2010, segundo o monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em 2024, 70% da área queimada no Brasil foi de vegetação nativa. Os dados são do Monitor de Fogo, monitoramento iniciado em 2019 pelo MapBiomas. Só em agosto, mês que registrou sozinho quase a metade dos incêndios florestais do ano, a vegetação nativa representou 65% da área queimada.
O número é 926% maior que o que foi registrado em 2023– de 352. A Defesa Civil de São Paulo decretou alerta de risco de incêndio até 5ª feira (26. set.). Segundo o órgão, o clima seco e sem previsão de chuvas levou ao grau máximo de risco em quase todas as faixas de São Paulo.
Foram 22,38 milhões de hectares – 13,4 milhões de hectares a mais que em 2023. O salto de um ano para o outro foi de 150%. Mais da metade (51%, ou 11,3 milhões de hectares) da área queimada nos nove primeiros meses deste ano fica na Amazônia.
A principal suspeita é de que as queimadas tenham sido provocadas por ação humana. Ao menos seis pessoas foram presas sob suspeita de terem iniciado incêndios em vegetações no interior do estado. As prisões ocorreram em Porto Feliz, São José do Rio Preto e Batatais (duas).
São Paulo: 36 cidades estão em alerta máximo para queimadas
Por que estão colocando fogo em São Paulo?
Representantes do governo paulista afirmam que 99,9% dos incêndios no estado são provocados por humanos, e que há indícios de que o fogo pode estar relacionado a uma ação coordenada, dado o surgimento repentino de vários focos de calor em áreas distantes.
“O que causa estranheza é o aumento repentino [de focos] em áreas relativamente distantes umas das outras”, disse, ao citar que alguns municípios atingidos chegam a estar a dezenas ou mesmo centenas de quilômetros distantes uns dos outros. Ainda segundo Raoni, as áreas atingidas pelo fogo concentram lavouras de cana.
Especialistas apontam que o principal fator para o aumento no número de queimadas é a seca, que afeta mais de 58% do território nacional, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais).
Na maioria das vezes, essas queimadas são provocadas pela ação humana de maneira criminosa. Os incêndios são muitas vezes iniciados por agricultores em áreas de pastagens, para renovação de pastos, e por grupos que causam desmatamento para eliminar vegetação rasteira e retirada de madeira para comercialização.
“De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, afirma. A pesquisadora é responsável pelo sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre presença de fogo na vegetação.
Tem uma estiagem muito pesada, lavouras que estavam secas, calor extremo, baixa umidade relativa do ar e muito vento. Qualquer coisa pode provocar uma ignição", afirmou ele, durante evento com empresários do setor imobiliário no Secovi-SP nesta segunda.
⛅ Essas grandes nuvens de fumaça são provocadas por queimadas e podem se estender por milhares de quilômetros. Elas são conhecidas como plumas de fumaça e são capazes até de encobrir o sol, como ocorreu no meio da tarde.
Já em 2024, no mesmo período, foram 503,5 km², redução de quase 60 km². É o menor índice para o mês desde 2018 e o segundo ano consecutivo com redução significativa. A queda é bem maior quando comparada a 2022, quando foram registrados alertas de desmatamento em 1.661,02 km² na região.
Mesmo a soma dos registros de anos cheios de 2019 a 2023 chega a 274,5 mil hectares, pouco mais da metade dos 430,4 mil hectares mapeados até agosto deste ano. A plataforma também aponta que o solo queimado com uso agropecuário chegou a 386 mil hectares, aproximadamente 90% do total.
O governo federal editou a Medida Provisória 1.258/2024, que destina crédito de R$514 milhões para combater as queimadas na Amazônia Legal. Desse total, R$ 150 milhões irão para as Forças Armadas e para a Força Nacional.
Além disso, ventos fortes podem espalhar rapidamente as chamas, tornando o controle do fogo mais difícil (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Atividades ilegais, como a mineração e a exploração de madeira, também são causas relevantes das queimadas.
Queimadas sempre ocorreram no País ao longo de pelo menos os últimos 30 anos, e elas eram fruto do desmatamento para abertura de novas áreas agrícolas e para pecuária no Cerrado e na Amazônia. Mas 2024 será lembrado como o ano em que esta questão superou os limites.
As queimadas que atingem a Amazônia, Cerrado e Pantanal e enchem o céu do país de fumaça são causadas pela ação humana, para renovação de pasto ou para o avanço do desmatamento. A impunidade e o dinheiro que segue fluindo para os setores que desmatam contribuem para que este problema continue.
Essa fumaça é proveniente de queimadas do Pantanal, Amazônia, Cerrado e também de países vizinhos como a Bolívia, Paraguai e Argentina", afirma a Climatempo. Inclusive, segundo a empresa de meteorologia, o centro-norte da Argentina também está com bastante fumaça.
Quais as regiões do Brasil mais afetadas pelas queimadas?
A Amazônia foi a região mais afetada, concentrando 49% das áreas atingidas pelo fogo nas últimas 48 horas. Na sequência, aparecem o Cerrado (30,5%), a Mata Atlântica (13,2%), o Pantanal (5,4%) e a Caatinga (1,9%).
Como solucionar o problema das queimadas no Brasil?
Evitar jogar bitucas de cigarros em áreas de vegetação seca já é um avanço, além de contribuir para a limpeza dos ambientes. Não colocar fogo em lixo, mesmo que nas residências ou áreas abertas, pois uma fagulha pode ser transportada pelo vento e atingir áreas distantes, dando início a um outro foco de queimada.
A influência de uma onda de calor, o longo período sem chuvas, em função da estação seca, e o aumento dos ventos, em consequência da aproximação de uma frente fria, criaram condições para a propagação dos focos de fogo.
O incêndio é o fogo descontrolado, que pode ser causado de forma criminosa, por negligência ou imprudência, ou até mesmo evoluir de uma queimada, caso encontre condições favoráveis à propagação. Além da ação humana, temperaturas elevadas e baixa umidade do ar são fatores que contribuem com a expansão das chamas.
Entre os presos estavam Alessandro Arantes, de 42 anos. O incendiário tem problemas psiquiátricos e preso em Batatais, na região de Franca. Arantes disse aos policiais ser integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), o que foi descartado pelo promotor Lincoln Gakiya, que tem experiência em investigar a facção.