O medo pode abranger todas as intensidades, desde uma insegurança leve até o terror total. O medo pode estar presente em: insegurança, preocupação, ansiedade, fobias, ataques de pânico e TSTP, transtorno do estresse pós traumático.
O medo é basicamente a maneira que o corpo encontra de nos preparar para algo que nos represente ameaça ou perigo. Quando somos confrontados com uma situação como esta, o cérebro envia para o corpo sinais que buscam maximizar as chances de sobrevivência.
Pesquisa publicada na Revista Brasileira de Psiquiatria revisou estudos feitos em tragédias, epidemias e pandemias e demonstrou que, quando o medo é crônico ou faz o perigo parecer maior do que é, ele pode se tornar gatilho para problemas mentais relacionados ao aumento dos níveis de ansiedade e estresse.
Nesse sentido Freud afirma que “o medo é, portanto, por um lado, expectativa do trauma; por outro lado, uma repetição atenuada dele” (Freud, 1926/1977a, p. 160).
Para o ser humano, o medo pode ser considerado como um sentimento de receio em relação a uma pessoa, a uma situação ou mesmo a um objeto. É inerente à própria pessoa, o que atemoriza um individuo, pode ser indiferente para outro.
3 ATITUDES PARA DOMAR SUA ANSIEDADE | Marcos Lacerda, psicólogo
O que gera o medo?
O medo é uma sensação em consequência da liberação de hormônios como a adrenalina, que causam imediata aceleração dos batimentos cardíacos. É uma resposta do organismo a uma estimulação aversiva, física ou mental, cuja função é preparar o sujeito para uma possível luta ou fuga.
Ele exerce, principalmente, um estímulo de proteção. Sentimos medo para nos preservarmos de situações que colocam nossa vida, saúde e integridade física em perigo. Portanto, pode-se dizer que ele tem um papel importante na sobrevivência das espécies e, assim, é essencial para a evolução humana.
Para Jung, que defende a ideia da integração dos opostos, fugir da morte é fugir da vida. A morte é vivenciada como destino de todas as almas. É um processo natural da vida que não controlamos, por isso a tememos e negamos. Desejamos transcende-la por medo do desconhecido.
O medo explicado através do mecanismo de funcionamento neurológico é basicamente assim: ao enfrentar uma situação que amedronta, o HIPOTÁLAMO é ativado, e por sua vez ativa a glândula pituitária – que desencadeia a liberação de ADRENALINA, NORADRENALINA e CORTISOL.
O medo é criado dentro das nossas mentes e, por mais que tentamos evitá-lo ou ignorá-lo, não conseguimos acabar com ele. Isso acontece porque a crença que alimenta esse sentimento não foi alterada. Essa é a única maneira de acabar com o medo e, para isso, pode ser preciso a ajuda de um psicólogo.
A adrenalina, a dopamina e o cortisol são três substâncias químicas importantes que os seres humanos evoluíram para liberar quando estão sob ameaça ou medo. Quando o perigo é detectado, nossos instintos de luta ou fuga são acionados pela liberação de adrenalina.
O medo é uma sensação gerada a partir de situações de perigo ou da preocupação de que algo aconteça de forma contrária ao que estava previsto. Ele pode causar o estresse, a ansiedade e sensações de “luta ou fuga” – luta para enfrentar essas situações e fuga para ficar bem longe delas.
O medo, muitas vezes, protege a gente, previne situações perigosas, pode evitar que façamos algo impensado. Por exemplo: o medo de assalto faz com que uma pessoa fique mais alerta mais cuidadosa e atenta ao seu percurso.
Pupilas dilatadas, mãos suadas, sensação de frio na barriga. Essas são manifestações orgânicas típicas de medo — emoção que, apesar de rejeitada e associada à covardia, tem uma importância evolutiva que salvou nossa espécie da extinção.
Segundo o filósofo Martin Heidegger (1889-1976), o medo nos convida a viver na impropriedade, não atribuímos sentido, deixamos que os outros e as circunstâncias o atribuam, nos alienamos de nós mesmos, vivemos sempre correndo, com nossas agendas cheias de distrações que nos ocupam.
Existem casos em que o medo pode se tornar patológico. Quando esse estágio é atingido, o medo se manifesta de forma mais intensa do que o necessário e pode estar associado a coisas que não são um perigo real.
O medo pode ser um sinal de desejo, explicava Sigmund Freud. Seja em sonho ou em breves fantasias angustiantes de seus pacientes, os psicanalistas observam que muitas vezes os temores revelam um impulso recalcado que, por vergonha ou condenação moral, não podem ser aceitos e passam a ser temidos.
De um lado, Jung defendia a existência de um inconsciente coletivo, que afeta as emoções e os comportamentos do consciente com o peso das origens e dos valores sociais da humanidade. Já Freud preconizava a presença do inconsciente pessoal, impulsionador do desejo sexual, dentro de uma ideia de busca de prazer.
Onde estiver seu medo ai está sua tarefa Carl Gustav Jung?
Na frase “onde está o seu medo aí está a sua tarefa”, Jung associa o medo à oportunidade de autodesenvolvimento e nos convida a reconhecê-lo como caminho de transformação. Certa vez ouvi de uma amiga terapeuta com quem compartilho trocas miúdas, “Aquilo do que mais precisamos é do que mais temos medo”.
Jung postulou a existência de arquétipos, padrões universais de pensamento e comportamento que se manifestam em mitos, contos de fadas e símbolos culturais. Esses arquétipos, como o herói, a mãe e o malandro, permearam nossa psique, moldando nossa percepção do mundo e influenciando nossas escolhas.
No sistema emotivo, a amígdala cerebral tem sido considerada uma peça-chave, a estrutura que tem recebido as maiores atenções dos pesquisadores dos circuitos do medo.
1 Psicol Estado psíquico provocado pela consciência do perigo, real ou apenas imaginário, ou por ameaça. 2 Receio de ofensividade irracional; temor. 3 Receio de ofender, de causar mal ou de que ocorra algo desagradável.
Os medos emocionais dizem respeito ao temor de passar por alguma situação que possa provocar prejuízos emocionais — como medo de fracassar, de se frustrar, de ser rejeitado, criticado ou abandonado.