Qual a posição do Brasil no ranking mundial da fome?
O país ocupa o 94º lugar entre 111 nações que integram o levantamento baseado em análises da agência da ONU a contextos que até o fim desta década podem não reduzir este indicador a zero.
REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO. A edição de 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial revela queda de 85% na insegurança alimentar severa no Brasil.
Confira o ranking da fome com base na lista dos países que mais passam fome no mundo do Índice Global da Fome de 2023: Nigéria. República do Congo. Zimbábue.
O Brasil continua no Mapa da Fome, conforme aponta o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI, na sigla em inglês) das Nações Unidas”, divulgado nesta quarta-feira. Segundo o levantamento, que considera dados do triênio de 2021 a 2023, há 8,4 milhões de pessoas subnutridas no Brasil.
O Brasil tinha saído do “Mapa da Fome” em 2014 e sustentava a posição até 2018. Entre 2019 e até 2022, contudo, vinha em tendência de crescimento da pobreza, extrema pobreza e crescimento da insegurança alimentar e nutricional. Voltou ao Mapa da Fome no triênio 2019-2021 e se manteve no triênio 2020-2022.
Os dados do relatório de 2024 do Observatório Brasileiro das Desigualdades ainda apontam queda de 20% no desemprego. O ganho real no rendimento médio de todas as fontes foi de 8,3%, sendo maior entre as mulheres do que entre os homens: 9,6% contra 7,7%.
“Quando o Brasil entra novamente no Mapa da Fome é porque houve a retração de políticas públicas ou um governo que não deu a devida importância para a questão, mas claro que muitas vezes também temos o problema das crises econômicas, como a crise mundial em 2008”, afirma.
O país ocupa o 94º lugar entre 111 nações que integram o levantamento baseado em análises da agência da ONU a contextos que até o fim desta década podem não reduzir este indicador a zero.
“O Brasil já esteve fora do mapa da fome em 2014 e permaneceu fora dele até 2021. Efetivamente, aí nós vemos o contexto de uma pandemia global e como afeta a situação da fome num país. E voltou a entrar no Mapa da Fome em 2021.
O cenário de insegurança alimentar grave foi mais expressivo nas áreas rurais do país. A proporção de domicílios particulares em insegurança alimentar moderada ou grave nessas regiões foi de 12,7%, contra 8,9% nas áreas urbanas. Ainda assim, o percentual nas áreas rurais foi o menor desde a PNAD 2004 (23,6%).
O que ainda falta para tirar o Brasil do Mapa da fome?
O que falta é criar condições de acesso aos alimentos. Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a US$ 2,4 trilhões. Inverter essa lógica é um imperativo moral, de justiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável”, afirmou Lula.
Dentre suas principais causas estão a desigualdade socioeconômica e a má distribuição de renda que caracteriza a população do país, sendo essas também as maiores causas da fome em um contexto mundial.
A região Norte do país é a mais afetada pela fome, onde 7,7% dos lares vivenciaram falta de alimentos ou lidavam com redução da qualidade e quantidade de comida em 2023, incluindo as crianças. O percentual é mais que o dobro do Sudeste (2,9%) e quase quatro vezes o encontrado no Sul (2%).
O percentual de lares sob algum grau de insegurança alimentar caiu para 27,6% em 2023 após alcançar 36,7%, maior patamar já registrado, em 2017 e 2018. Ainda assim, os números revelam que o país retrocedeu no horizonte de dez anos.
O índice nacional passou de aproximadamente 32% em 2022 para 27,5% no ano seguinte. As informações têm como base o levantamento sobre rendimentos, divulgado semana passada pelo IBGE. Entre os estados onde esse quadro de situação de pobreza e pobreza extrema recuou no período avaliado está o Espírito Santo.
Segundo estudo da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), o custo da erradicação da fome no Brasil está em R$ 13,2 bilhões anuais, o que equivale a 26,2 milhões de toneladas de alimentos.
Para isso, o Governo Federal, sob coordenação do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), lançou o Plano Brasil Sem Fome, que completou recentemente um ano.
O Brasil deixou de fazer parte do Mapa da Fome em 2014, durante o mandato da ex-presidente petista Dilma Rousseff. No entanto, o país voltou para o rol a partir de 2019, devido à piora dos indicadores sociais e aos reflexos da pandemia da covid-19.
O início do governo Lula e a implementação do Fome Zero foram acompanhados pela criação do Programa Cartão Alimentação e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), entre outras iniciativas de promoção da segurança alimentar.
Santa Catarina é o estado com menor proporção de pessoas na pobreza, segundo o levantamento: 11,6%; seguido por Rio Grande do Sul (14,4%), Distrito Federal (15,6%) e São Paulo (16,5%).
Os ranqueamentos de fome no mundo trazem tradicionalmente países com problemas político-militares nas primeiras posições, como Somália, Sudão do Sul, Síria e Iêmen.
"Havia uma rede de proteção social que aqueles mais frágeis economicamente poderiam recorrer. Isso funcionando possibilitou resultados que, inclusive, acabaram fazendo com que o Brasil saísse do Mapa da Fome", analisa Menezes.
A pesquisa do IBGE foi realizada em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDA), usando como referencial metodológico a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que permite a identificação e classificação dos domicílios de acordo com o nível de segurança ...
São causas tradicionais da fome no Brasil a grande desigualdade social, a má distribuição e o desperdício de alimentos e a situação econômica desfavorável do país.
O 2º Inquérito Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil', com dados de 2021 e 2022, da Rede Penssan, identificou que 33 milhões de brasileiros passavam fome, 14 milhões a mais do que em 2019; 32 milhões encontravam em insegurança alimentar moderada e 60 milhões em insegurança alimentar leve.