"A origem principal da fumaça está no Sul da região amazônica, sobretudo no Sul do estado do Amazonas, no chamado arco do desmatamento, assim como no Pará, Mato Grosso e na Bolívia, onde o número de queimadas tem sido bastante elevado durante esta primeira semana de setembro.
Segundo especialistas, essa fumaça vem de queimadas que se espalham além das áreas desmatadas, atingindo ecossistemas no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia, onde os incêndios afetam.
O fenômeno é resultado da dispersão de partículas poluentes que se acumulam na atmosfera. Queimadas na Amazônia, Pantanal e no Sudeste são as principais responsáveis por esse cenário.
Queimadas sempre ocorreram no País ao longo de pelo menos os últimos 30 anos, e elas eram fruto do desmatamento para abertura de novas áreas agrícolas e para pecuária no Cerrado e na Amazônia. Mas 2024 será lembrado como o ano em que esta questão superou os limites.
Fumaça de queimadas na Amazônia chega até o sul do Brasil; entenda como | SBT Brasil (22/08/24)
O que está por trás das queimadas no Brasil?
Queimadas no Brasil. As queimadas que atingem a Amazônia, Cerrado e Pantanal e enchem o céu do país de fumaça são causadas pela ação humana, para renovação de pasto ou para o avanço do desmatamento. A impunidade e o dinheiro que segue fluindo para os setores que desmatam contribuem para que este problema continue.
Em 2024, 70% da área queimada no Brasil foi de vegetação nativa. Os dados são do Monitor de Fogo, monitoramento iniciado em 2019 pelo MapBiomas. Só em agosto, mês que registrou sozinho quase a metade dos incêndios florestais do ano, a vegetação nativa representou 65% da área queimada.
No Brasil há uma grande quantidade de queimadas, principalmente nos biomas Amazônia e Cerrado. Alguns fatores têm agravado esse cenário, como o aquecimento global e o desmatamento. Um estudo feito pela ONG MapBiomas observou mais de 150 mil imagens de satélites com dados de queimadas entre 1985 e 2020.
Isso está acontecendo devido aos incêndios espalhados em diferentes regiões do Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1º de janeiro até 7 de setembro de 2024, foram identificados 156.023 focos de fogo no território brasileiro.
Segundo estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, a Amazônia, Austrália, Canadá, Chile, Portugal, Indonésia, a Sibéria e o oeste dos Estados Unidos estão entre os países mais afetados por incêndios florestais nos últimos anos.
O fogo está intimamente ligado ao desmatamento, pois é a forma mais barata e rápida de “limpar” áreas recém-desmatadas. Por muitos anos, a relação entre as duas ações era direta: quanto mais alta era a taxa de desmatamento, maior o uso do fogo na região, e vice-versa.
O Brasil está experimentando uma das semanas climáticas mais severas do ano, dominado por uma massa de ar quente e seca. Segundo a MetSul Meteorologia, as temperaturas podem superar 40°C, e a umidade relativa do ar pode ficar abaixo de 10%.
O fogo é o meio mais eficiente para os ruralistas escaparem à fiscalização do Ibama. Além disso, os desmatadores têm vantagens na Bovespa, que canaliza R$560 bilhões do agronegócio e que não conta com mecanismos de punição para crimes ambientais.
Atualmente, o desmatamento e as queimadas correspondem a 49% das emissões nacionais. De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2023 foi registrada uma redução de 2.593 km² no desmatamento da Amazônia em comparação com a última taxa de desmatamento, em 2022.
A fumaça está concentrada no Parque Nacional de Brasília, conhecido como Parque da Água Mineral, que foi atingido por um incêndio florestal no domingo (15). O DF está há 146 dias sem chuva e em alerta amarelo para baixa umidade.
Na série histórica do INPE, o número de incêndios de 2024 na Amazônia, nos primeiros seis meses, só foi superado em 2003 e 2004. No entanto, ao contrário dos altos índices de desmatamento de 2003-2004, em 2024 o aumento das queimadas ocorre após dois anos consecutivos de queda no desmatamento.
"A origem principal da fumaça está no Sul da região amazônica, sobretudo no Sul do estado do Amazonas, no chamado arco do desmatamento, assim como no Pará, Mato Grosso e na Bolívia, onde o número de queimadas tem sido bastante elevado durante esta primeira semana de setembro.
Confira a nota completa: O aspecto cinza do céu é em parte devido a baixa umidade relativa do ar característica desta época do ano, que facilita o transporte de aerossóis da superfície para a atmosfera, como por exemplo poeira e material particulado diverso.
Especialistas apontam que o principal fator para o aumento no número de queimadas é a seca, que afeta mais de 58% do território nacional, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais).
Já em 2024, no mesmo período, foram 503,5 km², redução de quase 60 km². É o menor índice para o mês desde 2018 e o segundo ano consecutivo com redução significativa.
“De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, afirma. A pesquisadora é responsável pelo sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre presença de fogo na vegetação.
No sábado (21), a área contabilizou 100.543 focos de incêndio — marca que ultrapassou as 98.646 ocorrências em todo o ano passado. O total de queimadas de 2024 na Amazônia é quase o dobro do contabilizado até setembro do ano passado, que registrou 57.941 incêndios.
⛅ Essas grandes nuvens de fumaça são provocadas por queimadas e podem se estender por milhares de quilômetros. Elas são conhecidas como plumas de fumaça e são capazes até de encobrir o sol, como ocorreu no meio da tarde.
O governo federal editou a Medida Provisória 1.258/2024, que destina crédito de R$514 milhões para combater as queimadas na Amazônia Legal. Desse total, R$ 150 milhões irão para as Forças Armadas e para a Força Nacional.
Mais da metade da área queimada no Brasil (56%) fica em apenas três estados: Mato Grosso, Pará e Tocantins. Sozinho, o Mato Grosso responde por 25% do total: foram 5,5 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro.